Folha de S.Paulo

Após cinco anos, Timberlake lança álbum frustrante

- THALES DE MENEZES

Depois de década e meia louvado como o herdeiro legítimo de Michael Jackson, Justin Timberlake teve seu novo álbum anunciado como “uma volta às origens”. No caso, não o pop rasteiro de sua antiga boy band NSYNC, mas, supostamen­te, a música country do Tennessee, onde nasceu há 37 anos.

“Man of the Woods” foi lançado e, se era para ser uma volta a alguma coisa, melhor seria esboçar um retorno ao pop perfeito de “FutureSex/LoveSounds”, seu álbum de 2006. O que aparece no novo disco é um Timberlake dividido entre o artesão de canções balançadas e um artista titubeante numa mistura esquisita com mais guitarras e violões.

Essas inovações patinam, não vão a lugar nenhum. Não é country, nem mesmo “Say Something”, dueto com o ótimo Chris Stapleton, astro caipira americano que faturou todos os prêmios do gênero no Grammy, no mês passado. Essas músicas fora da trilha pop habitual não empolgam, quando não são ruins de verdade. Caso de “Flannel”, talvez a pior coisa que ele já gravou.

“Man of the Woods” vem com 16 faixas. Se Timberlake jogasse meia dúzia no lixo, ou, melhor dizendo, descartass­e essas tentativas de soar diferente, ficaria com um bom álbum pop.

Mas mesmo essa hipotética seleção das dez melhorzinh­as não salvaria o cantor de críticas. Ele é um artista que grava pouco, são apenas três trabalhos de 2002 para cá, e os fãs têm toda a razão de querer algo mais animador depois de cinco anos de espera desde “The 20/20 Experience”. E o resultado é frustrante.

O maior problema de Timberlake tem nome e sobrenome: Bruno Mars. O terceiro álbum do cantor havaiano, “24K Magic”, chegou um ano antes e trouxe algumas faixas de tão requintada arquitetur­a pop que bem poderiam ser o estágio atual de Timberlake. Acabam mostrando como “Man of the Woods” soa frouxo.

“Filthy” e “Sauce”, apostas como singles, chegam a irritar com a batida repetida para entrar à força na cabeça do ouvinte. Não são todas ruins, mas falta brilho até em momentos mais dignos, como a balançada “Midnight Summer Jam” ou a balada “Morning Light”, outro dueto, dessa vez com a sempre boa Alicia Keys.

Justin Timberlake deve ir para a estrada e mostrar, novamente, que é um showman. Para costurar uma apresentaç­ão que levante a plateia, irá precisar dos antigos hits. Se ele demorar mais cinco anos para lançar coisa melhor, o trono do pop será coisa do passado. ARTISTA Justin Timberlake LANÇAMENTO Sony Music QUANTO R$ 35 AVALIAÇÃO regular

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