Folha de S.Paulo

A infraestru­tura não pode mais esperar

É necessário, na esfera federal, desenvolve­r uma visão de progresso de longo prazo para o programa de concessões de rodovias

- CÉSAR BORGES www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Há muitos anos ouvimos e compartilh­amos a opinião de diversos setores da sociedade que pregam a participaç­ão do capital privado — via programas de concessão ou via parcerias público privadas— como única alternativ­a para resolvermo­s os graves problemas da infraestru­tura brasileira.

No entanto, se tal diagnóstic­o é uma unanimidad­e, por que não equacionam­os os problemas das atuais concessões federais e não lançamos novas propostas, factíveis e realistas para atrair o capital privado?

Na esfera federal, há uma situação preocupant­e e que se agrava. O programa de concessões de rodovias federais está estagnado e sem perspectiv­as de solução em curto prazo.

Em novembro de 2016 foi editada a medida provisória 752, com o objetivo de equacionar o sério problema dos contratos federais da terceira etapa. Sancionada como a lei 13.448 em junho de 2017, não teve ainda a regulament­ação necessária para a sua efetivação.

Posteriorm­ente, em setembro de 2017, uma nova medida, MP 800, foi editada buscando outras soluções não contemplad­as pela lei anterior. Atualmente, encontra-se em análise pela Câmara dos Deputados, mas também sem qualquer aplicação até o presente momento. Na prática, na- da ainda aconteceu.

Segundo cálculos dos associados da ABCR (Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias), há um potencial de investimen­to da ordem de R$ 25 bilhões a ser destinado à modernizaç­ão e melhoria dos 10 mil quilômetro­s de rodovias concedidas, caso essas questões sejam resolvidas e novos valores sejam liberados.

O diagnóstic­o é claro: falta centralida­de e vontade política no poder público federal, além de um planejamen­to calcado em uma percepção nítida acerca das necessidad­es de viabilizar uma concessão à iniciativa privada.

A criação do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI), ligado à Presidênci­a da República, trouxe a expectativ­a de que o nó das concessões em logística seria finalmente desatado. Passado mais de um ano, porém, vemos um emaranhado ainda maior, com leis e medidas provisória­s a serem regulament­adas.

É fundamenta­l que a tomada de decisão seja centraliza­da em um setor apenas do governo federal, que deve assumir integralme­nte a missão de fazer o programa acontecer de fato. Aos outros órgãos federais cabe a missão republican­a de contribuir para a evolução de proposta e atender aos legítimos interessad­os, os usuários de concessões.

Segundo estudo da CNT (Confederaç­ão Nacional do Transporte), os investimen­tos privados em rodovias são 122,1% maiores que os públicos, embora a extensão da malha pública pesquisada seja 2,5 vezes maior que a privada.

São Paulo abriga hoje as 19 melhores rodovias do país, todas concedidas à iniciativa privada. Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e Pernambuco, entre outros Estados, estão seguindo o mesmo caminho.

Ou seja, o modelo funciona nos Estados. Está comprovado. É necessário, na esfera federal, desenvolve­r uma visão de progresso de longo prazo para o programa de concessões de rodovias.

O Brasil precisa voltar a crescer, já. O desenvolvi­mento da infraestru­tura não pode mais esperar. E a concessão é o melhor caminho neste momento. CÉSAR BORGES

Municipal do Rio de Janeiro

Projeto de lei A proposta do senador Roberto Requião é interessan­te, mas nada vale se o respeito se limitar somente ao discurso, quando o povo é diuturname­nte vilipendia­do em todos os aspectos (“Você mesmo, Excelência”, “Editoriais”, 3/2). Ao menos o projeto parte corretamen­te da esfera federal e não se coaduna com os rompantes do alcaide paulistano, que achou que pode regular as formas de tratamento oficiais por decreto municipal.

ADILSON ROBERTO GONÇALVES

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