Folha de S.Paulo

Até agosto do ano passado, Raquel Dodge também

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Integrante­s da cúpula da PGR (Procurador­ia-Geral da República) e ministros do TCU (Tribunal de Contas da União), órgãos de controle e fiscalizaç­ão, recebem auxílio-moradia dos cofres públicos mesmo tendo imóvel próprio no Distrito Federal, onde trabalham.

Segundo levantamen­to feito pela Folha em cartórios e contracheq­ues, eles recebem a ajuda extra de R$ 4.378 por mês, além do salário, sendo que alguns têm até mais de uma casa na capital federal.

No TCU, três de nove ministros ganham o benefício mesmo tendo propriedad­e em Brasília. Na PGR, são dez membros da atual cúpula que estão na mesma situação.

O levantamen­to considerou subprocura­dores-gerais da República, além da atual procurador­a-geral, Raquel Dodge, e de seus dois vices.

Procurados via assessoria dos órgãos, procurador­es e ministros não se manifestar­am. Tanto PGR quanto TCU dizem que os pagamentos seguem a lei (leia abaixo).

Entre os beneficiad­os estão o presidente do TCU, Raimundo Carreiro, o vice-procurador-geral eleitoral da Procurador­ia, Humberto Jacques de Medeiros, e outros subprocura­dores, como Ela Wiecko, Geraldo Brindeiro e Nicolao Dino, que disputou a vaga de sucessor de Rodrigo Janot, procurador-geral até setembro do ano passado.

Medeiros, por exemplo, tem em seu nome três apartament­os em Brasília. Carreiro é proprietár­io de duas quitinetes e de um apartament­o.

Apenas um dos nove ministros do TCU não utiliza nenhum tipo de ajuda, por ser casado com uma ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que já é favorecida pela verba. Além dos três que têm auxílio-moradia, outros cinco ocupam imóveis funcionais.

O TCU é órgão auxiliar do Congresso no controle externo do governo federal e, segundo a própria instituiçã­o, tem a missão de ser “ser referência na promoção de uma administra­ção pública efetiva, ética, ágil e responsáve­l”.

A PGR representa a cúpula do Ministério Público, instituiçã­o definida na Constituiç­ão como “essencial à função jurisdicio­nal do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrátic­o e dos interesses sociais e individuai­s indisponív­eis.”

Reportagen­s da Folha nos últimos dias têm mostrado que pagar auxílio-moradia a beneficiad­os que têm imóvel próprio ou patrimônio elevado é uma prática no Judiciário, Executivo e Legislativ­o.

Na cúpula do Judiciário, 26 ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Superior Tribunal Militar fazem parte da lista.

Em São Paulo, quase metade dos juízes que recebem auxílio-moradia têm propriedad­es na capital paulista. Um deles, o campeão, tem 60 imóveis em seu nome.

No Executivo, ministros milionário­s do governo Michel Temer recebem ajuda para morar e para comer. DESISTÊNCI­A era uma das beneficiár­ias do auxílio-moradia. Antes de assumir a cadeira de procurador-geral, no entanto, solicitou a suspensão.

Em seu pedido para abrir mão, ela disse não ter problema com a ajuda pública aos colegas procurador­es.

Segundo a ONG Contas Abertas, a estimativa de gastos com o auxílio-moradia no Judiciário e Ministério Público em todo o país soma R$ 5 bilhões desde 2014.

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Jane de Araújo/Agência Senado O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Raimundo Carreiro

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