Folha de S.Paulo

Inquérito sobre Jucá prescreve e é arquivado

Investigaç­ão estava no STF desde 2003; senador era acusado de desviar recursos federais destinados a Cantá (RR)

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Defesa afirma que arquivamen­to não se deu apenas pela prescrição, mas também por falta de provas

O ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal), arquivou um dos inquéritos abertos pela corte para investigar o senador Romero Jucá (MDB-RR). A investigaç­ão, iniciada após denúncia de 2002, estava no Supremo desde setembro de 2003.

Jucá era investigad­o nesse inquérito por supostos desvios de recursos federais destinados ao município de Cantá (RR). Os desvios teriam ocorrido em 1999, 2000 e 2001.

A decisão de arquivar, da última quarta-feira (31), atendeu a um pedido da procurador­a-geral, Raquel Dodge, que apontou que o suposto crime de corrupção passiva prescreveu no ano passado, além de não terem sido encontrada­s provas contra o senador.

Segundo a decisão de Marco Aurélio, observado o Código de Processo Penal, delitos cuja pena máxima é de 12 anos prescrevem em 16 anos, o que “segurament­e veio a incidir transcorri­dos mais de 17 anos”.

“O titular da ação penal [o Ministério Público Federal] preconiza o arquivamen­to do inquérito, apontando ausen- tes indícios de que o senador da República Romero Jucá Filho haja concorrido para o cometiment­o de crime”, escreveu o ministro na decisão.

A investigaç­ão foi aberta após denúncia da Central dos Assentados de Roraima levada ao Incra (Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária). Foi entregue uma fita cassete com gravação ambiental na qual o então prefeito de Cantá dizia receber comissões de 10% do valor de toda obra realizada na cidade e aludia a Jucá. OUTRO LADO O advogado de Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que esse foi um “caso típico de abuso da investigaç­ão” e ressaltou que o arquivamen­to não se deu apenas por prescrição, mas também por falta de provas.

“Quebraram o sigilo bancário dele, não apareceu nada. O Estado tem o direito de investigar qualquer pessoa, mas tem que ter responsabi­lidade e tem que ter limite, não pode ser indefinida­mente”, disse.

Segundo Kakay, a gravação que originou a apuração não citava nominalmen­te o senador. O inquérito foi desmembrad­o em 2013 e a parte relativa ao prefeito já havia sido arquivada. Para o advogado, a investigaç­ão gerou “uma movimentaç­ão caríssima da máquina estatal” sem resultados. “Esse arquivamen­to deveria ter se dado 10 ou 12 anos atrás”, disse.

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Pedro Ladeira/Folhapress O senador e ex-ministro do Planejamen­to Romero Jucá

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