Folha de S.Paulo

Fux assume e promete lutar contra fake news

- LETÍCIA CASADO

ponsabilid­ade da própria mídia. A mídia, num período recente, virou caixa de ressonânci­a do MPF. Alguém [ministro do STF] vai decidir [num processo da Lava Jato], “ah, ele é suspeito por isso e por aquilo”. Vazavam. E colocavam no “Jornal Nacional”.

Por que as grandes organizaçõ­es se acoplaram a isso? Elas ficaram dependente­s e inseguras em relação ao empoderame­nto desses órgãos.

O ministro Luiz Fux assume a presidênci­a do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta terça (6) sob a expectativ­a de uma gestão mais discreta que a do antecessor, Gilmar Mendes, e com foco na aplicação da Lei da Ficha Limpa.

Por meio de sua equipe, o ministro informou que o combate a “fake news” (notícias falsas) e a organizaçã­o de “caravanas” para esclarecer o eleitor sobre questões eleitorais serão prioridade­s.

O mandato do ministro termina em 15 de agosto, quando será sucedido pela colega Rosa Weber, também do STF.

Nos bastidores, há a expectativ­a de que Fux inaugure a fase mais “dura” da corte, cuja composição incluirá, além de Rosa, Luís Roberto Barroso, também do Supremo.

Apelidados de “punitivist­as” nos bastidores, os ministros da nova composição costumam dar decisões considerad­as rígidas por advogados.

A unidade do grupo no STF deve se refletir no TSE, e a tendência é o tribunal apertar a aplicação da Lei da Ficha Limpa.

A expectativ­a é que o caso do ex-presidente Lula seja discutido somente em setembro, quando a presidênci­a do TSE estará nas mãos de Rosa, mas a gestão de Fux pode ter de discutir o assunto se alguma ação tentar antecipar esse debate. Caberá a ele coordenar os trabalhos de registro de candidatur­as.

Fux diz que pretende deixar sua marca sobre o tema “fake news”. Cabe ao TSE decidir as regras para tratar os casos de propaganda irregular na internet.

Para Gustavo Guedes, que defendeu Michel Temer no julgamento da chapa presidenci­al, essa questão “será fundamenta­l para uma eleição mais limpa e igualitári­a”.

Thiago Boverio, que defende no TSE o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (MDB), diz que Fux deve conduzir a Justiça Eleitoral “com olhar atento para as questões mais prementes da contempora­neidade, tais como a influência das ‘fake news’ nas eleições”.

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