Bolsa de NY despenca e arrasta mercados
Na maior queda da história em pontos, Dow Jones perde 4,6% e põe em dúvida manutenção de ciclo de supervalorização
Dado forte de emprego nos EUA e consequente risco de alta maior no juro viram pretexto para venda global de ações
O mercado acionário global deu novos sinais de que pode estar no fim o ciclo de alta das Bolsas mundiais, que tiveram o melhor desempenho da história em 2017. Dois dias de queda já fizeram alguns dos índices de ações mais negociados zerar toda a valorização obtida neste ano.
A Bolsa de Nova York viveu um dia dramático nesta segunda-feira (5). O Dow Jones, índice das ações mais negociadas, chegou a cair 6,26%, mas recuperou parte das perdas e fechou em baixa de 4,6%, na maior depreciação diária desde 10 de agosto de 2011 e na maior queda em pontos de sua história —o índice perdeu 1.175 pontos e fechou aos 24.346.
Em relação ao pico de 26 de janeiro, a queda acumulada do Dow Jones é de 8,5%. No ano, acumula queda de 1,5%. O S&P 500, que perdeu 4,5% na mínima, caiu 4,1%. No ano, se deprecia 0,9%. A Nasdaq recuou 3,78%, mas ainda sobe 0,9% no ano.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas do Brasil, recuou 2,59%, para 81.861 pontos. No ano, ainda ganha 9,3%. O dólar comercial subiu 1,02%, para R$ 3,248. No mundo, a moeda
Índices de todo o mundo recuam nesta segunda-feira (5), em %
americana se valorizou ante 24 das 31 principais divisas.
As principais Bolsas da Europa também perderam os ganhos do ano. A Bolsa de Londres recuou 1,46% nesta segunda (5). Em 2018, acumula desvalorização de 4,6%. Paris teve queda de 1,48% e de 0,5% no ano. Em Frankfurt, o DAX perdeu 0,76% —em 2018, cai 1,78%.
O pretexto para a realização de lucros no Brasil, na Europa e nos EUA foram os dados de mercado de trabalho divulgados na sexta-feira (2).
A solidez da criação de vagas —foram 200 mil em janeiro— levou investidores a apostar que o banco central dos EUA fará mais do que três aumentos de juros neste ano. Para 2019, a projeção é de outras três altas, ante duas estimadas anteriormente.
Analistas, no entanto, já vinham alertando desde meados do ano passado para o fato de que os principais índices poderiam estar sobrevaque Bolsa de Paris Bolsa de Londres vinha batendo bumbo pelo desempenho extraordinário do mercado, disse que “mercados flutuam no curto prazo, todos nós sabemos disso”, acrescentando que “as bases da economia são muito fortes e estão caminhando em direção ao rumo certo, em especial para a classe média”.
“Haverá muito mais volatilidade”, diz Mike Wilson, economista do Morgan Stanley. “Ninguém estava falando muito sobre isso porque ainda tivemos um impulso com o afrouxamento de algumas regras nesse governo [de Donald Trump], mas havia muito capital concentrado e agora isso vai ser realocado.”