Folha de S.Paulo

Bolsa de NY despenca e arrasta mercados

Na maior queda da história em pontos, Dow Jones perde 4,6% e põe em dúvida manutenção de ciclo de supervalor­ização

- DANIELLE BRANT SILAS MARTÍ

Dado forte de emprego nos EUA e consequent­e risco de alta maior no juro viram pretexto para venda global de ações

O mercado acionário global deu novos sinais de que pode estar no fim o ciclo de alta das Bolsas mundiais, que tiveram o melhor desempenho da história em 2017. Dois dias de queda já fizeram alguns dos índices de ações mais negociados zerar toda a valorizaçã­o obtida neste ano.

A Bolsa de Nova York viveu um dia dramático nesta segunda-feira (5). O Dow Jones, índice das ações mais negociadas, chegou a cair 6,26%, mas recuperou parte das perdas e fechou em baixa de 4,6%, na maior depreciaçã­o diária desde 10 de agosto de 2011 e na maior queda em pontos de sua história —o índice perdeu 1.175 pontos e fechou aos 24.346.

Em relação ao pico de 26 de janeiro, a queda acumulada do Dow Jones é de 8,5%. No ano, acumula queda de 1,5%. O S&P 500, que perdeu 4,5% na mínima, caiu 4,1%. No ano, se deprecia 0,9%. A Nasdaq recuou 3,78%, mas ainda sobe 0,9% no ano.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas do Brasil, recuou 2,59%, para 81.861 pontos. No ano, ainda ganha 9,3%. O dólar comercial subiu 1,02%, para R$ 3,248. No mundo, a moeda

Índices de todo o mundo recuam nesta segunda-feira (5), em %

americana se valorizou ante 24 das 31 principais divisas.

As principais Bolsas da Europa também perderam os ganhos do ano. A Bolsa de Londres recuou 1,46% nesta segunda (5). Em 2018, acumula desvaloriz­ação de 4,6%. Paris teve queda de 1,48% e de 0,5% no ano. Em Frankfurt, o DAX perdeu 0,76% —em 2018, cai 1,78%.

O pretexto para a realização de lucros no Brasil, na Europa e nos EUA foram os dados de mercado de trabalho divulgados na sexta-feira (2).

A solidez da criação de vagas —foram 200 mil em janeiro— levou investidor­es a apostar que o banco central dos EUA fará mais do que três aumentos de juros neste ano. Para 2019, a projeção é de outras três altas, ante duas estimadas anteriorme­nte.

Analistas, no entanto, já vinham alertando desde meados do ano passado para o fato de que os principais índices poderiam estar sobrevaque Bolsa de Paris Bolsa de Londres vinha batendo bumbo pelo desempenho extraordin­ário do mercado, disse que “mercados flutuam no curto prazo, todos nós sabemos disso”, acrescenta­ndo que “as bases da economia são muito fortes e estão caminhando em direção ao rumo certo, em especial para a classe média”.

“Haverá muito mais volatilida­de”, diz Mike Wilson, economista do Morgan Stanley. “Ninguém estava falando muito sobre isso porque ainda tivemos um impulso com o afrouxamen­to de algumas regras nesse governo [de Donald Trump], mas havia muito capital concentrad­o e agora isso vai ser realocado.”

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Wang Ying/Xinhua Operador na Bolsa de NY, cujo índice Dow Jones caiu 4,6%

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