Briga por xixi em posto de gasolina deixa dois mortos
Foliões foram baleados por funcionário de estabelecimento na av. Rebouças
Grupo havia saído de bloco de Carnaval, e discussão começou após jovens buscarem espaço para urinar
Uma briga em um posto de combustíveis da av. Rebouças, em Pinheiros (zona oeste), terminou com dois rapazes mortos a tiros e um terceiro baleado na noite de sábado (3) após participarem do Carnaval de rua em São Paulo.
O grupo havia saído de um bloco da folia e foi atingido por um funcionário do posto, de bandeira Shell, conforme mostraram imagens de câmera de segurança. A polícia decidiu pedir à Justiça a prisão temporária dele, que não teve a identidade revelada.
Segundo a polícia, ele trabalhava como caixa do posto. Testemunhas disseram que a briga ocorreu porque parte do grupo fez xixi numa área do estabelecimento.
O professor de educação física Bruno Gomes de Souza, 31, morreu após ser levado para a Santa Casa. O metalúrgico João Batista Moura da Silva, 30, foi levado ao Hospital das Clínicas, mas morreu neste domingo (4).
O empresário Rodrigo Beralde da Silva, 35, foi transferido ao Hospital Nove de Julho, onde permanece internado. Segundo a polícia, ele não corre risco de morte.
Bruno, João e Rodrigo estavam com outros nove amigos no Bloco Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença, que se apresentou na tarde de sábado em frente ao parque Ibirapuera.
Depois do show, eles resolveram seguir para a avenida Brigadeiro Faria Lima. No caminho, dizem que decidiram parar no posto da avenida Rebouças porque um dos amigos estava passando mal. URINAR Fernando Avelino, 28, um dos amigos das vítimas e que estava no meio da briga, disseà Folha que a confusão começou no momento em que algumas mulheres do grupo usaram uma área de lixeira do estabelecimento para urinar.
O local havia sido indicado, de acordo com ele, por funcionários do próprio posto de combustível, devido à interdição do banheiro do local.
Quando as mulheres terminaram de urinar, os rapazes foram ao mesmo local, que passou a funcionar como banheiro improvisado. Foi nessa hora que um funcionário do posto chegou e ameaçou trancar um portão da área com os rapazes lá dentro.
Começou, então, uma discussão. “Eu disse que trancar lá dentro ele não iria”, disse outra testemunha, que se identificou à reportagem apenas como Marcelo, 36.
“O subgerente veio e tentou dar um tapa no rosto do meu amigo. Tudo na maior grosseria”, disse Fernando Avelino. “Nisso apareceu um rapaz com a barra de ferro. Ele estava com colete do posto. Foi esse mesmo que sacou uma arma e atirou. Aí, foi um tumulto só”, complementou ele, ferido no antebraço.
Imagens de câmera de segurança mostram que, em meio à discussão, um homem com mochila nas costas (que estava sem uniforme, mas se apresentou aos foliões como funcionário do posto) é empurrado por um dos rapazes.
O funcionário uniformizado do estabelecimento, então, avança em direção ao grupo com um objeto (segundo os amigos, uma barra de ferro) e agride um dos jovens.
Em seguida, ele é atacado por outros integrantes do grupo, leva uma rasteira, cai, sai correndo, tira uma arma da cintura e começa a atirar.
Procurada, a gerência do posto não respondeu aos contatos da reportagem.
O atirador, segundo a polícia, não tem antecedentes criminais. Ele não havia sido localizado nesta segunda. Agora, será investigado também se ele possuía porte de arma de fogo e se a administração do estabelecimento sabia que ele trabalhava armado.
A polícia disse que uma bala foi retirada de um dos corpos e será usada na perícia para atestar de qual arma os disparos foram feitos.