Folha de S.Paulo

Petrobras subnotific­a despejo de óleo, diz Ibama

Para órgão ambiental, petroleira manipula cálculo de impurezas na água; estatal nega

- LUCAS VETTORAZZO

O Ibama produziu parecer em que acusa a Petrobras de subnotific­ar o despejo de óleo e graxa no mar resultante da exploração de petróleo na Bacia de Campos, região petrolífer­a do norte RJ.

A petroleira é acusada de usar método para medição de despejo de óleo que omite parte do chamado “óleo de produção” no oceano.

Quando uma petroleira retira óleo e gás do leito marinho, o produto que emerge é uma mistura de óleo e água. Essa água passa por processo de tratamento e depois é devolvida ao mar.

É comum que essa água seja despejada com quantidade­s pequenas de óleo e graxa. Há uma margem de tolerância do Ibama para isso.

Segundo revelou nesta segunda (5) o jornal “O Globo”, a plataforma P-51 estaria despejando volume até 67 vezes acima do autorizado pelo órgão ambiental. Além dessa plataforma, outras 30 da empresa estariam em desacordo com as normas. O despejo de água com valores superiores de óleo estaria provocando manchas no mar, afetando a vida marinha na região.

A Petrobras é acusada de usar um método de cálculo que reduz, no papel, a quantidade de óleo despejada. Em 2015, o Ibama teria modificado a forma de avaliar esse despejo e há cerca de seis meses Petrobras e Ibama deram início a um acordo para que a estatal se adaptasse aos critérios exigidos.

O Ministério Público Federal abriu inquérito civil para apurar a questão.

Ao menos cinco multas chegaram a ser lavradas contra a petroleira devido ao despejo de água com óleo acima do percentual permitido. A maior seria de R$ 14,2 milhões, da qual a empresa não chegou a recorrer.

A Petrobras afirma que todas as suas plataforma­s de petróleo em atividade passaram por licenciame­nto ambiental e que o modelo de cálculo de óleo na água despejada é o mesmo desde 1986.

“A visão do Ibama sobre o processo mudou mais recentemen­te e, com isso, estabelece­u-se um diálogo para a transição, com a companhia já tendo chegado a um entendimen­to com o órgão regulador ambiental”, afirma a empresa em nota.

No comunicado, a Petrobras reconhece que busca mudança no método de cálculo e despejo da água contaminad­a com óleo. “Vamos evoluir, reforçando o nosso compromiss­o e respeito ao meio ambiente”, afirma, na nota, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes.

A estatal, no entanto, refuta a acusação de manipulaçã­o de dados. A empresa afirma que envia regularmen­te ao Ibama dados “fidedignos e verdadeiro­s”, que o modelo utilizado “atende à legislação aplicável e que todas as plataforma­s de produção da empresa estão devidament­e licenciada­s pelo órgão ambiental”.

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Felipe Dana - 8.dez.2008/Divulgação/Agência Petrobras Plataforma P-51, da Petrobras, no RJ, uma das que o Ibama afirma estar despejando mais água com óleo que o permitido EDUCAÇÃO

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