COI ameaça tirar boxe dos Jogos de Tóquio
Comitê olímpico cobra mudanças de governança na associação que rege a modalidade
Nesta segunda-feira (5), o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, deu um ultimato à entidade que rege o boxe que, envolvida em escândalos, apontou como novo presidente um dirigente proibido de entrar nos EUA sob acusação de envolvimento com o crime organizado.
“Estamos extremamente preocupados com a governança da Aiba [Associação Internacional de Boxe Amador]”, disse Bach nesta segunda. “O comitê executivo do COI não está satisfeito com o relatório que recebeu sobre a governança da Aiba, suas finanças, técnicos e acusações de doping”.
Sem meias palavras, ele disse que “o COI se reserva o direito de voltar atrás da inclusão do boxe nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires [ainda este ano, em outubro] e na Olimpíada de Tóquio-2020”.
A Aiba, que é responsável apenas pelo boxe amador (o profissional é regulado por outras organizações), está desde dezembro sem receber repasses do COI. A situação se agravou depois que o vice Gafur Rakhimov, do Uzbequistão, foi proclamado para ser o terceiro presidente da entidade em três meses.
Ainda que não haja nenhuma acusação formal contra Rakhimov, ele é apontado pelos EUA como um dos maiores criminosos uzbeques.
“Rakhimov foi descrito como tendo passado da extorsão e do roubo de carros para se tornar um dos principais criminosos do Uzbequistão e uma pessoa importante envolvida no comércio de heroína”, afirmou o Departamento do Tesouro dos EUA em dezembro, ao anunciar o congelamento de todos os bens do empresário no país.
Apesar das acusações, a Aiba apontou Rakhimov como seu mandatário pelos próximos nove meses, até que uma nova assembleia geral eleja um novo presidente.
A assembleia que empossou Rakhimov, realizada em Dubai, onde ele supostamente tem residência, não teve eleição e apenas referendou o nome do dirigente.
Caberá a ele liderar uma reformulação na Aiba, que está falida e sem credibilidade.
Até agora, o COI não aceitou as explicações dadas pela Aiba sobre o escândalo de manipulação de resultados na Rio-2016, quando 36 árbitros foram afastados.
A federação nega que qualquer luta da Olimpíada tenha tido seu resultado forjado —há suspeitas sobre vitórias de russos—, mas o comitê parece não acreditar.