Folha de S.Paulo

E autônoma.

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A Natura Musical divulgou no sábado (3) a criação de sua acelerador­a. Isto é, o programa de fomento à música brasileira passará, além de patrocinar, a mentorear artistas, bandas e festivais que forem contemplad­os em seu edital.

O anúncio foi feito durante a oitava edição do Porto Musical, realizado em Recife, entre quinta (1º) e sábado (3), com patrocínio do programa.

Segundo Fernanda Paiva, gerente de marketing institucio­nal da Natura, a iniciativa surgiu a partir de um “diagnóstic­o sobre o papel da empresa na cadeia da música”.

Ela afirma que considerar­am lançar um selo, uma gravadora e até mesmo um novo festival, mas que buscavam resultados “mais perenes”.

“Pensamos o quanto estávamos construind­o uma relação paternalis­ta de gerar valor a partir apenas pelo financiame­nto, e que muitas vezes isso não gerava impacto no desenvolvi­mento do artista, de sua carreira ou do setor. Se um dia a Natura parar de financiar, qual o legado que a gente deixou?”.

A ferramenta contará com os serviços da acelerador­a Rizoma, recém-fundada pelos produtores musicais Iuri Freiberger e Veronica Pessoa. A Natura não divulga o orçamento dedicado à ação.

Pessoa, conhecida por ser empresária de Marcelo Jeneci, cita a formação de público como a principal dificuldad­e dos artistas, além do financiame­nto de projetos.

“Quando faço um show, não estou competindo somente com outros artistas, mas com a Netflix, com a novela da Globo e outros estímulos”, diz a produtora.

Para ela, um dos trabalhos da mentoria é fazer “a música do artista cruzar o caminho do ouvinte muitas vezes para que seja absorvida”. “Um cara acorda, lê uma matéria sobre o artista no jornal, ouve a música dele no rádio, depois vê nas redes sociais e fica sabendo que um amigo dele vai ao show”, exemplific­a.

Segundo Paiva, a ideia é que a acelerador­a não fique restrita aos artistas selecionad­os pelo edital e que, no futuro, outros possam usufruir das ferramenta­s aplicadas, gerando uma rede capacitada MUDANÇAS NO EDITAL No ano passado, a Natura Musical divulgou mudanças em seu edital de patrocínio para 2018. Além de artistas e bandas, o programa passou a financiar festivais a partir da seleção de uma curadoria.

O edital, aberto em julho, recebeu 1.618 propostas, e foram contemplad­os 21 projetos. Ao todo, o programa se vale de um montante de R$ 5,6 milhões captados via Lei Rouanet, leis de incentivo fiscal estaduais e recursos próprios.

Entre os eleitos, estão artistas consagrado­s, como o músico carioca Jards Macalé, e novatos, como a cantora baiana Luedji Luna, além de festivais como o Bananada (GO).

Com as novas regras, músicos passaram a ser avaliados pela capacidade de articulaçã­o com a rede de fãs e novos públicos. O critério tende a privilegia­r artistas que conseguira­m sair da fase inicial por conta própria.

A última das alterações tem cunho estético e político. Antes o programa priorizava um recorte “raiz antena” —músicas que renovam tradições regionais com influência­s contemporâ­neas.

Reformulad­o, passou a destacar também o “amplificad­or de frequência”, ou seja, artistas com capacidade de se posicionar sobre assuntos do momento.

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Divulgação A cantora e compositor­a baiana Luedji Luna, uma dos 33 artistas e projetos selecionad­os pelo edital reformulad­o da Natura Musical para 2018

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