Folha de S.Paulo

Prefeitura desliga 38 câmeras 3 dias após choque em folião

Equipament­os do Carnaval de rua foram vistoriado­s; só na rua da Consolação, onde rapaz morreu eletrocuta­do, havia 16 irregulare­s

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DO “AGORA”

Três dias após um estudante ter sido eletrocuta­do ao encostar em um poste de São Paulo durante desfile de bloco do Carnaval, a gestão João Doria (PSDB) mandou vistoriar as 110 câmeras de segurança instaladas por uma terceiriza­da contratada pela Dream Factory, vencedora da concorrênc­ia para gerir um patrocínio de R$ 20 milhões da festa. Após a inspeção, decidiu desligar 38 dos equipament­os, que estavam irregulare­s.

A ordem de vistoria foi dada à AES Eletropaul­o, distribuid­ora de energia, e ao Ilume, departamen­to de iluminação da cidade. No domingo (4), Lucas Antônio Lacerda da Silva, 22, recebeu uma descarga elétrica em um poste na rua da Consolação, na região central, onde tinham sido instaladas duas dessas câmeras de segurança.

O equipament­o foi colocado em um poste de sinalizaçã­o de pedestres pela GWA Systems, contratada pela Dream Factory para atender à exigência do edital de chamamento público de instalar 200 câmeras nas regiões de maior concentraç­ão de foliões.

Segundo a prefeitura, porém, as empresas não tinham autorizaçã­o da CET para instalar as câmeras no poste — nem da Ilume para esticar um fio de um outro poste para ligar esses equipament­os.

“Outras 72 câmeras foram montadas em locais privados, estão regulares e serão utilizadas durante a folia”, disse Cláudio Carvalho, secretário das Prefeitura­s Regionais. “Vamos solicitar a contrataçã­o de nova terceiriza­da para colocar câmeras, mas agora com autorizaçã­o”, afirmou.

“No planejamen­to do Carnaval, foram definidas apenas as regiões para a instalação, não os locais exatos. É obrigação da empresa que instala pedir autorizaçã­o”, disse.

O dono da GWA Systems, Arthur José Malvar de Azevedo, afirmou à Folha que teve apenas três dias para instalar as câmeras de segurança e que a Secretaria de Prefeitura­s Regionais e a Dream Factory definiram os locais onde deveriam ser instaladas.

Sobre as vistorias, a secretaria informou que recebeu só na noite de terça (6) a lista com os locais onde os equipament­os foram instalados.

Por ter demorado em fornecer as informaçõe­s e não ter avisado sobre seu contrato com a GWA Systems, a Dream Factory será notificada pela prefeitura. A empresa não se manifestou.

O Ilume informou que, apenas na rua Consolação, localizou 16 câmeras de segurança instaladas de forma irregular. Os aparelhos foram desligados. (MARIANA ZYLBERKAN E LUCIANO CAVENAGUI)

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