Bolsa de NY puxa nova rodada de quedas
Desde o pico, em 26 de janeiro, os três principais índices de ações nos EUA acumulam retração próxima a 10%
Ibovespa, que mede o comportamento do pregão no Brasil, teve baixa de 1,5%; queda também contamina UE DE SÃO PAULO
Os investidores buscaram refúgio na segurança dos títulos de dívida do governo americano e levaram as Bolsas globais a viver nesta quinta-feira (8) mais uma rodada de baixas, que arrastou também a Bolsa brasileira.
O Dow Jones caiu 4,15% — em 2018, a queda está em 3,5%. O índice da Nasdaq, a Bolsa de empresas de tecnologia, se desvalorizou 3,9%, enquanto no ano a retração é de 1,8%. E o S&P 500 recuou 3,75% —com baixa de 3,5% em 2018. Desde o pico histórico dos três índices, em 26 de janeiro deste ano, a queda acumulada por cada um é de cerca de 10%.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, sentiu o baque e recuou 1,49%, para 81.532 pontos.
O dólar comercial subiu 0,12%, para R$ 3,281. No mundo, a moeda americana ganhou força ante 27 das 31 principais divisas.
Mais cedo, as Bolsas europeias já haviam fechado no vermelho. Londres perdeu 1,49%, Paris recuou 1,98% e Frankfurt fechou com desvalorização de 2,62%. Milão (-2,26%), Madri (-2,21%) e Lisboa (-1,16%) também caíram.
Mas a desvalorização foi mais forte nos Estados Unidos, onde os índices voltaram a zerar os ganhos no ano — recuperados na terça (6).
Nas últimas cinco sessões, os principais índices mundiais sofreram quatro quedas. Para analistas, as baixas são uma mistura de realização de lucros após recordes batidos no início do ano com cautela maior dos investidores.
Em meio a isso, também pesa uma expectativa em torno de aumentos adicionais de juros nos Estados Unidos, que vão elevar o rendimento dos títulos americanos.
A projeção é ancorada em dados fortes de mercado de trabalho e de ganhos nos salários que podem pressionar a inflação no país.
“Temos uma treasury [título americano] com vencimento de dez anos saindo de 2% ao ano em setembro, pouco depois da penúltima alta dos juros, para 2,85% ao ano agora”, afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos. “Enxuga dinheiro das Bolsas, mas não deve levar a uma saída maciça de capital, porque a rentabilidade desses títulos ainda é baixa.” ALTAS A perspectiva ainda é de valorização das Bolsas mundiais, em meio à recuperação econômica global, avalia Alvaro Bandeira, economistachefe do home broker Modalmais. “Desde a semana passada, alertamos para mercados de risco com volatilidade. Do ponto de vista factual, nada mudou muito. Claramente há forte recuperação da economia global, e isso é o que mais interessa”, afirmou, em relatório.
Suzaki tem avaliação parecida. “Havia bons fundamentos para a economia americana que justificassem os recordes batidos pelos índices, mas há espaço para realização. Alguns balanços não vieram tão bons, o que também afetou o mercado”, destaca Suzaki.
O VIX, índice que mede a volatilidade implícita do S&P 500, deu novo salto nesta quinta: 20,66%.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a volatilidade nas últimas sessões era esperada mais para o segundo semestre, com um desenho melhor do número de altas de juros nos Estados Unidos.
“Há fatores que sugerem uma realização. Existe liquidez, que, somada a um ciclo de alta generoso, deve iniciar um processo de correção e realização do mercado.”