Folha de S.Paulo

Inflação de janeiro é a mais baixa desde criação do Real

Apesar da pressão de alimentos e de transporte, redução na conta de luz faz com que IPCA desacelere e fique abaixo das projeções

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O fim da cobrança adicional na conta de luz conseguiu compensar a alta no preço dos alimentos e transporte­s no primeiro mês do ano, e a inflação oficial do país desacelero­u em janeiro.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,29%, abaixo do 0,44% de dezembro, divulgou o IBGE nesta quinta-feira (8). Em janeiro de 2017, a taxa foi de 0,38%.

O IPCA deste ano foi o mais baixo para um mês de janeiro desde a criação do Plano Real, em 1994.

No acumulado em 12 meses, o índice foi para 2,86%, após 2017 ser marcado pela inflação abaixo do piso da meta, em 2,95%, algo que não ocorria desde a criação do sistema de metas, em 1999.

O resultado do mês passado veio abaixo da expectativ­a do mercado, que era de alta mensal de 0,4% e de 2,98% em 12 meses, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg.

Quase todos os grupos analisados registrara­m alta em janeiro deste ano, com exceção de habitação (-0,85%) e vestuário (-0,98%).

A maior variação positiva foi do setor de transporte­s, que subiu 1,1% impulsiona­do pelos combustíve­is (+2,58%). A gasolina, com alta de 2,44%, teve o maior impacto individual no índice do mês. O etanol subiu 3,55%. EM CASA Se em 2017 os alimentos tinham dado alívio no bolso por causa do fenômeno da supersafra, no início deste ano eles aceleraram e ficaram 0,74% mais caros —ante alta de 0,54% em dezembro.

Destaques para o tomate (+45,71%) e a batata-inglesa (+10,85%). “Em novembro, a colheita do tomate foi antecipada por questões climáticas. Com isso, em janeiro houve redução da oferta e, consequent­emente, alta nos preços”, explica Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.

No grupo habitação, a queda foi impulsiona­da pela conta de luz, que ficou, em média, 4,73% mais barata em janeiro, graças ao fim da bandeira tarifária vermelha 1, que vigorava até dezembro e impunha cobrança adicional de R$ 3 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.

O gás de botijão, que também teve reajuste para cima nos últimos meses do ano passado, baseado em uma nova política da Petrobras, apresentou queda de 0,32% em janeiro. (LUCAS VETTORAZZO E ANAÏS FERNANDES)

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