Maranhão e Martinho serão temas de desfiles
Nem só de muvuca vive o Carnaval de rua de São Paulo. Há blocos que querem passar longe daquela multidão de foliões capaz de surpreender até veteranos da folia.
Os unidos do “não me segue” têm evitado divulgar os locais de concentração e aderido apenas à tática do boca a boca para atrair o público na tentativa de controlar o tamanho dos desfiles.
Essa intenção motivou ao menos 41 organizadores de blocos a não autorizarem a Prefeitura de São Paulo a incluí-los na programação oficial durante o processo de cadastramento. O número representa 10% dos cadastrados para sair pelas ruas da cidade neste Carnaval.
O quesito surpresa norteou a organização do Bloco Secreto, que só terá o trajeto divulgado no dia do desfile por meio de mensagens de celular repassadas pelos seus integrantes a amigos. “Vamos pegar uma caixa de som e sair pelas ruas”, explica Gabriel Ribeiro, um dos organizadores do Bloco Secreto.
Nesse caso, a intenção do Carnaval minimalista é permitir que seus integrantes se divirtam. Ribeiro conta que organiza também outro bloco, o Agrada Gregos, transferido neste ano das ruas do Bixiga, na região central, onde costumava sair, para a avenida 23 de Maio, após ter sido alçado ao status de megabloco.
A via foi escolhida pela prefeitura para abrigar o desfile de blocos que costumam atrair mais de 100 mil pessoas.
“A gente mais trabalha do que aproveita. Por isso, organizamos um bloco para nos divertir”, diz o organizador sobre o desfile marcado para o domingo (18), último dia do pós-Carnaval. “Queremos fechar com chave de ouro.” SEM REDE SOCIAL Na contramão da estratégia “quanto mais gente melhor”, os organizadores do Baco do Parangolé cancelaram evento criado na página do bloco no Facebook para informar sobre a festa de esquenta feita no último domingo (4), quando viram passar a barreira de 50 mil pessoas confirmadas. “Não queremos aumentar a estrutura para abrigar um público maior”, diz Pedro Bruschi, 30, um dos organizadores do bloco.
A estrutura, no caso, são caixas de som que vão em cima de um pequeno caminhão emprestado pelo seu vizinho, dono de um sebo, que faz carretos. “Estamos acostumados a sair em ruas pequenas de bairro e gostamos de ter contato com a vizinhança. Se vem muita gente, fica espremido e
GABRIEL RIBEIRO
um dos organizadores do Bloco Secreto, que só terá o trajeto divulgado no dia do desfile por meio de mensagens de celular repassadas pelos seus integrantes a amigos de SP os músicos ficam distantes do público”, diz Bruschi, que espera atrair cerca de 3.000 pessoas para o desfile marcado domingo (11) nas ruas de Pinheiros, zona oeste.
É em um bairro vizinho, também na zona oeste que irá desfilar mais um bloco que prefere manter a programação na boca pequena. SEGREDO Sem se identificar nem permitir a veiculação do nome do bloco, muito menos seu trajeto, um dos organizadores disse que a estratégia é seguida desde o ano passado como forma de tentar manter o desfile de um tamanho que caiba nas ruas do bairro.
Além disso, ele defende que deixar o público sob medida ajuda a disseminar o conceito de Carnaval pulverizado, espalhado pela cidade toda e, assim, preservar as características de cada região, em detrimento à folia de massa que reúne milhares de pessoas nos mesmos endereços: Pinheiros, Vila Madalena, República e Ibirapuera.
Neste primeiro bairro, no largo da Batata, a marca de cerveja patrocinadora do Carnaval instalou uma espécie de montanha-russa e um “chuveiro de glitter” para atrair os foliões. A aglomeração tem atraído um batalhão de ambulantes que transformou a área no entorno em uma “passarela do álcool” onde caixas de som tocam funk e música eletrônica.
A formação de um epicentro da folia, segundo o organizador, interessa mais às patrocinadoras e aos que querem lucrar com o Carnaval de rua do uma forma de representar a manifestação cultural da festa de rua. Apesar de terem uma página no Facebook, meio de divulgação mais usada pelos blocos, quase nada é postado e a ideia é desativá-la no próximo ano.
Escolas começam a se apresentar em SP hoje
O desfile das escolas de samba de São Paulo começa nesta sexta-feira (9), às 23h15, quando a Independente Tricolor entrará no Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo.
Em sua noite de estreia no Grupo Especial, a Independente será sucedida por Unidos do Peruche, Acadêmicos do Tucuruvi, Mancha Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Rosas de Ouro e Tom Maior —que entrará na avenida às 5h45.
A Tatuapé, atual vencedora, investirá em homenagem ao Maranhão para buscar o bicampeonato. Na letra do samba, a “terra da encantaria” é exaltada pela força da cultura negra e pelo folclore popular, como o “bumba-meu-boi” e os cultos afro-brasileiros.
Heptacampeã do Carnaval, que venceu pela última vez em 2010, a Rosas de Ouro achou inspiração nos caminhoneiros para fazer o desfile “Pelas Estradas da Vida, Sonhos e Aventuras de um Herói Brasileiro”.
A dupla sertaneja Maiara e Maraísa chamará o samba da escola na avenida e depois aparecerá no quinto carro alegórico. A Rosas também fará menção aos personagens caminhoneiros Bino e Pedro, do seriado televisivo “Carga Pesada”.
Seis vezes vice-campeã, a Peruche brigará por sua primeira conquista com o aniversário de 80 anos do sambista Martinho da Vila como mote do desfile.
O samba-enredo tratará da trajetória do músico fazendo referências aos sambas que ele compôs.
A Independente, escola criada pela maior torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, escolheu os filmes de terror como tema. Figuras como Nosferatu e Freddy Krueger marcarão presença, bem como Zé do Caixão.
A apresentação da Mancha Verde, composta de membros da mais conhecida organizada do Palmeiras, terá como assunto o grupo de pagode Fundo de Quintal, cujos membros participarão do desfile.
A Tucuruvi teve 90% de suas fantasias queimadas por um incêndio em janeiro e participará do desfile sem risco de rebaixamento —exceção combinada devido ao acidente. Ela terá como enredo os museus do país.
No segundo dia de desfiles, X-9, Império de Casa Verde, Mocidade Alegre, Vai-Vai, Gaviões da Fiel, Dragões da Real (vice em 2017) e Vila Maria se apresentarão. O evento começará às 22h30, e a última escola entrará na avenida às 5h.
A apuração está prevista para terça (13), às 16h15.
“uma caixa de som e sair pelas ruas [da cidade de São Paulo] (...) A gente mais trabalha do que aproveita. Por isso, organizamos um bloco para nos divertir