Longa cai na vala comum do thriller com toque fantástico
FOLHA
No meio da sessão de “O Sacrifício do Cervo Sagrado” o espectador, que chegou até ali provavelmente atraído pelos nomes de Nicole Kidman e Colin Farrell no elenco, pode se perguntar por que esses atores renomados foram cair nessa armadilha.
A impressão de cilada é a mesma que sentimos à medida que o filme avança.
A segunda produção internacional conduzida pelo diretor grego Yorgos Lanthimos explora o tema da vingança numa trama indigesta a partir da história de um cardiologista cuja vida familiar estável é virada ao avesso após a morte de um paciente.
Questões como erro médico, ética profissional e abusos morais são esboçadas, mas logo abandonadas, pois a dinâmica de thriller não permite perdas de tempo.
A primeira parte é constituída por eficientes efeitos climáticos, quando o dr. Steven Murphy (Farrell) nutre um relacionamento escorregadio com Martin (Barry Keoghan), garoto cuja origem o filme mantém propositalmente obscura.
Essas ambiguidades, contudo, se perdem assim que o jovem é convertido em anjo da morte. A partir daí o filme cai na vala comum do thriller com toques fantásticos, em que tudo se dilui no ritmo de uma tensão crescente e que não leva a nada.
Yorgos Lanthimos ascendeu à carreira internacional com seu terceiro longa, “Dente Canino” (2009), premiado na seção Um Certo Olhar, de Cannes, e indicado ao Oscar de filme estrangeiro.
A combinação de temas insólitos com rebuscamento visual ajudou a satisfazer a necessidade incessante de mapear novos “autores” que move a indústria dos festivais. A Academia manteve seu nome em evidência com a indicação de “O Lagosta” a melhor roteiro original no Oscar de 2017. “O Sacrifício...” também ganhou prêmio de roteiro em Cannes.
O percurso do cineasta grego, no entanto, repete o de outras “grandes” descobertas do passado, hoje devidamente esquecidas. (THE KILLING OF A SACRED DEER) DIREÇÃO Yorgos Lanthimos ELENCO Colin Farrell, Nicole Kidman, Barry Keoghan PRODUÇÃO Reino Unido/Irlanda/ EUA, 16 anos QUANDO em cartaz AVALIAÇÃO ruim