Tornasse ministro.
O líder social-democrata alemão Martin Schulz confirmou nesta sexta-feira (9) que não irá assumir o cargo de ministro das Relações Exteriores no novo governo de Angela Merkel, conforme havia sido acordado nas negociações para formação da coalizão na Alemanha.
Schulz disse que, com sua medida, busca pôr fim a disputas internas dentro do partido e angariar apoio para a chamada “grande coalizão”.
O acordo alcançado na última quarta-feira (7), quase cinco meses após as eleições, entre o Partido Social-Democrata (SPD) de Schulz, a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel e a União SocialCristã (CSU), legenda-irmã da CDU, deve ser submetido aos delegados social-democratas em convenção a ser realizada em 20 de fevereiro. O resultado será anunciado em 6 de março.
Muitos membros da base do partido são céticos quanto à renovação da coalizão com Merkel depois que o SPD obteve 20,5% dos votos na eleição de setembro,o pior resultado na história da sigla de centro-esquerda.
Schulz anunciou na quarta que renunciaria ao cargo de líder do SPD para se tornar ministro das Relações Exteriores, o que levou a críticas internas, pois ele havia dito antes das eleições que não participaria de um novo governo Merkel.
O anúncio também aborreceu o atual ministro, Sigmar Gabriel, seu correligionário do SPD, que reclamou de “fal- ta de respeito” e disse que é popular entre os alemães.
Em nota divulgada nesta sexta, Schulz afirmou que as disputas internas poderiam afetar o apoio dos membros do partido à nova coalizão.
“Declaro minha renúncia a juntar-me ao governo federal e ao mesmo tempo espero sinceramente que isso irá acabar com as disputas pessoais dentro do SPD”, afirmou em nota.“Fazemos política pelo povo neste país, en- tão é apropriado que minhas ambições pessoais tomem o banco de trás em prol dos interesses do partido.”
“Foi a coisa certa a fazer”, disse Axel Schäfer, parlamentar do SPD. “A base do partido rejeitou unanimemente sua decisão de juntar-se ao gabinete. Eles queriam que ele cumprisse sua palavra.”
Uma pesquisa do instituto Forsa mostrou que quase três quartos dos alemães consideraram errado que Schulz se PARTIDO EM CRISE Sigmar Gabriel disse ao grupo de mídia Funke que é um ministro popular e de sucesso, mas que “a liderança do SPD claramente não ligava a mínima para a avaliação pública do meu trabalho”. O ataque reforçou a impressão de um partido em crise.
“A única coisa que fica é o remorso do quanto desrespeitosos nos tornamos uns com os outros e de quão pouco vale a palavra de alguém”, afirmou Gabriel. “Sou de um mundo em que você não desvia o olhar; olha direto no olho e fala a verdade. Mas isso claramente está fora de moda.”
A decisão de abandonar a chefia da diplomacia alemã joga Schulz no limbo político, segundo o jornal britânico “Financial Times”. A exministra do Trabalho e atual líder do SPD no Parlamento, Andrea Nahles, deve substi- tuir Schulz na chefia da sigla.
“É uma extraordinária queda em desgraça para um homem que foi eleito líder do SPD há menos de um ano por incríveis 100% dos delegados”, disse o jornal.
“Agora, finalmente podemos começar a discutir sobre como implementar nossas políticas, em vez de que ministérios obtivemos”, comentou o parlamentar Johannes Fechner. “Estou certo de que a paz irá retornar ao partido.”