Folha de S.Paulo

Foliões vandalizam e se arriscam no metrô

Câmeras flagraram passageiro­s em SP quebrando janelas de vagões e invadindo trilho dos trens até para tirar selfie

- FABRÍCIO LOBEL DHIEGO MAIA

Metrô e concession­ária da linha 4-amarela dizem preparar uma operação especial para folia durante o feriado

Foliões pulam no trilho do metrô, tiram fotos diante dos trens, sentam na beira da plataforma com as pernas voltadas para o caminho dos vagões ou estilhaçam janelas com chutes.

Essas são apenas algumas das cenas protagoniz­adas por passageiro­s do Metrô no último final de semana, em São Paulo, dias de grande movimentaç­ão nas ruas por causa dos blocos de Carnaval.

A Folha obteve imagens exclusivas que mostram atos classifica­dos pelo Metrô como de “mau comportame­nto” e que chegaram a suspender a operação normal das linhas 4-amarela e 2-verde por quase três horas. As duas linhas estão no centro das principais concentraç­ões da folia.

Em um dos vídeos, é possível ver um passageiro pular no trilho ainda energizado de uma das linhas da estação Paraíso. Na imagem, ele parece tirar uma selfie ou uma foto de seus amigos na plataforma.

Segundo o Metrô, ao verem a cena, operadores do centro de controle da companhia desligaram o trilho. Caso contrário, o passageiro poderia ter sido eletrocuta­do.

Na mesma noite e na mesma estação, três foliões sentam-se na beira da plataforma. Dois deles colocam as pernas voltadas para os trilhos, no caminho do trem. O trecho da linha 2-verde teve que ser desligado novamente para que não houvesse risco aos passageiro­s sentados.

Outro caso semelhante ocorreu na noite de domingo, na estação República, da linha 3-vermelha. Um homem pula no trilho para pegar um objeto que havia caído. Mais uma vez, a energizaçã­o da linha teve que ser desligada. Nos dois dias, isso ocorreu por 15 vezes, segundo o Metrô.

A companhia contabiliz­a ainda que o botão de emergência dos vagões foi acionado inadvertid­amente 39 vezes no mesmo fim de semana.

Além de trazer risco aos passageiro­s, esse tipo de conduta, diz o Metrô, atrapalha a eficiência de todo o sistema, causando atrasos e maiores intervalos entre os trens. MAIOR PÚBLICO As linhas 4-amarela e 2-verde, principais caminhos para os foliões, foram as mais afetadas no último final de semana. Para se ter uma ideia, a Via Quatro, concession­ária que administra a linha 4-amarela, diz que transporto­u 657 mil passageiro­s só no dia 3 —montante 119% superior ao registrado a um sábado comum.

No mesmo dia, a linha 2verde levou cerca de 409 mil passageiro­s, uma alta de 43% em relação ao primeiro sábado de fevereiro de 2017 (no ano passado, o Carnaval começou duas semanas mais tarde).

O acúmulo de passageiro­s no sábado forçou o fechamento da estação Faria Lima, da linha 4-amarela. A estação fica no largo da Batata, reduto de blocos carnavales­cos.

Passageiro­s também acionaram dispositiv­os de segurança e conseguira­m até ter acesso aos trilhos da linha 4, que normalment­e ficam isolados por portas de vidro. REFORÇO Para tentar minimizar os impactos na operação, o Metrô e a concession­ária da linha 4-amarela prometem reforçar equipes de segurança e de operação no Carnaval, ainda que a cidade deva estar mais vazia por causa do feriado.

A operação vai centrar fogo nas linhas 4-amarela e 1-azul. Na última, por exemplo, o Metrô calcula que as estações Liberdade, São Joaquim e Paraíso serão as mais procuradas por quem vai desfilar nos blocos da avenida 23 de Maio.

“Vamos contar com seguranças a paisana para monitorar as estações e os vagões. Quem for pego atrapalhan­do a circulação dos trens e acionando os sistemas de emergência sem necessidad­e desta vez será detido”, disse Clodoaldo Pelissioni, secretário estadual dos transporte­s.

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Trilhos do metrô são invadidos por passageiro­s, o qu e le vo uà suspensão da operação
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Fotos Reprodução

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