CRÍTICA Trama sobre exilado flui sem provincianismo
Em ‘O Clube dos Jardineiros de Fumaça’, brasileiro busca refúgio em meio à luta pela liberação da maconha nos EUA
FOLHA
Em seu terceiro e mais ambicioso livro, a escritora gaúcha Carol Bensimon se insere numa tradição forte em outras literaturas e que tem ganhado espaço no Brasil: o romance de expatriados.
O movimento sugere uma necessidade contemporânea, a de pôr à prova uma suposta identidade brasileira para além dos enredos nacionais. Afinal, esse personagem deve conseguir ter uma experiência fora do país que não seja marcada pelo provincianismo e pelo deslumbre do contato com o diferente.
Para a romancista, os desafios implicam não só o retratar do brasileiro no exterior mas sobretudo construir personagens de outra nacionalidade com verossimilhança.
Bensimon faz isso com sucesso ao centrar o enredo de “O Clube dos Jardineiros de Fumaça” no condado de Mendocino, na Califórnia, em meio a plantações ilegais de maconha e à luta pela liberação do uso da planta para fins medicinais e recreativos, um negócio de mais de U$ 20 bilhões anuais.
É lá que Arthur, um professor de Porto Alegre, vai parar depois de ser demitido da escola onde lecionava por ter sido pego em flagrante plantando pés de maconha no quintal de casa para ajudar a mãe com câncer terminal.
A experiência fracassada no Brasil mostra-se tímida perto do que o professor encontra em Mendocino.
Lá Arthur conhece gente que cultiva a erva há décadas, arruma um emprego de dichavador em uma plantação e se envolve com uma mulher recém-saída de uma relação poliamorosa fracassada.
Tudo isso enquanto ele vaga um tanto sem propósito pelas estradas do norte da Califórnia.
O tema central do livro de Carol Bensimon é a luta pela liberação do uso da maconha.
Depois de tantos baseados
É difícil convencer o leitor de que uma única consciência narrativa, hoje em dia, seja capaz de se apresentar como superior à integridade de personagens com históricos e personalidades tão diversas. ROBERTO TADDEI