Único pentacampeão ativo, Lúcio estende carreira no DF
Ex-capitão da seleção defende o Gama, que tem média de público de 1.654
Jogador de 39 anos quer prolongar carreira por mais dois anos, mas ainda não tem time para o 2º semestre
“Minha meta é fazer um bom campeonato neste primeiro semestre e, na sequência, continuar a minha carreira em outro clube.”
O discurso corriqueiro no futebol brasileiro passaria despercebido se não fosse de Lucimar Ferreira da Silva, o zagueiro Lúcio, 39, campeão mundial com a seleção brasileira em 2002.
Depois de passagens sem sucesso por São Paulo, onde foi afastado, e Palmeiras — onde teve o contrato rescindindo ao final de uma temporada—, o jogador insiste em continuar na carreira.
Prestes a completar 40 anos, no dia 8 de maio, Lúcio está no Gama para a disputa do Campeonato Candango depois de ficar 13 meses sem clube. O seu último time foi o FC Goa, da Índia.
“Eu me sinto muito bem, super saudável. Consigo treinar bem, jogar bem. É como se eu estivesse com 34 anos. A recuperação que é um pouquinho mais demorada, mas estou muito feliz. Nesta idade, a experiência ajuda muito. Você aprende a dosar o ritmo, sabe a hora certa de avançar e também orienta os companheiros com relação ao posicionamento”, disse Lúcio à Folha.
“O meu passado foi brilhante, mas não podemos viver apenas de passado. Foi uma decisão difícil para mim, mas o futebol virou um hábito meu, fiquei muito acostumado com essa sensação e quero jogar por pelo menos mais dois anos. Tenho que ter consciência de que preciso ter um bom desempenho. Jogar
LÚCIO
zagueiro do Gama e treinar bem no nível dos meus outros companheiros de clube”, acrescentou o jogador, que é o único pentacampeão em atividade.
No Gama, o zagueiro encontra uma realidade bem diferente do que viveu durante os 25 anos de carreira. Ele joga em estádios acanhados e praticamente vazios.
Das quatro partidas com borderô divulgados pela Federação de Futebol do Distrito Federal, a média de público presente de sua atual equipe foi de 1.654.
Algo bem diferente de sua carreira, que tem passagens por Bayer Leverkusen, Bayern de Munique, Inter de Milão e Juventus, além dos brasileiros Internacional, Palmeiras e São Paulo.
Neste período, colecionou títulos: foi campeão Italiano, da Liga dos Campeões, do Mundial de Clubes da Fifa e tricampeão alemão. INDEFINIÇÃO Lúcio convive agora com a incerteza sobre onde jogará no segundo semestre. Ele tem contrato com o Gama até meados de abril, quando acaba o Campeonato Candango.
“O calendário do futebol brasileiro é sempre uma discussão muito grande. Enquanto uns clubes jogam demais, outros jogam muito menos. A prioridade seria arrumar mais opções para os clubes menos favorecidos para ter um calendário maior. Os grandes clubes já têm automaticamente um ano cheio de jogos e grandes competições com estádios cheios. O calendário teria que favorecer os times menores”, afirma
Não é apenas o calendário do futebol brasileiro que preocupa o jogador. Ele também acredita que as competições no país estão “niveladas por baixo”. Vê que a maioria das equipes não entra mais nas competições pensando em títulos ou classificações para torneios importantes e sim para evitar o rebaixamento.
O zagueiro também acredita que o esporte mais popular do país ficou manchado em razão das denúncias de corrupção ligadas à CBF.
“É triste você ter um presidente que está preso [José Maria Marin], outro que não deixa o país porque pode ser preso [Marco Polo Del Nero] e outro que está sendo investigado [Ricardo Teixeira]. Isso mancha, suja muita a história da seleção brasileira pelas conquistas e glorias que sempre teve dentro de campo. Tanto no futebol como na política nacional estamos vivendo esse momento de corrupção”, completa.
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Eu me sinto muito bem, super saudável. Consigo treinar bem. É como se estivesse com 34 anos. A recuperação é um pouquinho mais demorada, mas estou feliz. Nesta idade, a experiência ajuda. Você aprende a dosar o ritmo, sabe a hora certa de avançar