Folha de S.Paulo

O Palmeiras sobra

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

SEIS RODADAS do Paulistinh­a já disputadas e o Palmeiras segue como único 100%, único invicto, melhor ataque com 12 gols, defesa menos vazada com três, seis pontos à frente do Corinthian­s, que tem a segunda melhor campanha, mas já com duas derrotas.

Sem se matar, ao jogar apenas o suficiente, com Jailson fechando o gol, Felipe Melo se limitando a jogar e muito bem, Lucas Lima voltando a brilhar e Borja ameaçando desencanta­r de vez, para falar apenas de quatro jogadores num time que ainda tem Dudu e num elenco que tem Moisés, Keno, Guerra, Gustavo Scarpa.

Dizer que o Palmeiras sobra é dizer o mínimo.

Ainda sem encher os olhos, ao fazer apenas o necessário, sem forçar a natureza, cauteloso em começo de temporada, mas com a autoridade de quem sabe ser melhor e, seja como for, não dá sopa para o azar.

Quase deu, é verdade, no sábado (10) em Mirassol.

Não fosse Jailson, a “Muralha Tranquila”, evitar o 1 a 0 à queimaroup­a, e Lucas Lima salvar o rebote na linha fatal, é possível que a vitória fácil por 2 a 0 fosse mais complicada ou até se resumisse ao primeiro empate, porque perder, claramente, o Palmeiras não perderia.

Há situações num jogo que definem estados de espírito e revelam autoridade.

No instante seguinte ao gol salvo por Lucas Lima ele mesmo passou a bola que o colombiano Borja finalizou para abrir o placar.

Como um alerta para os anfitriões não cutucarem o porco com vara curta porque a resposta viria incontinen­ti.

O jogo estava exatamente na metade do primeiro tempo e o Palmeiras ainda não havia atacado nenhuma vez com perigo.

Não foi muito diferente na etapa final da partida.

Claramente de freio de mão puxado para evitar desgaste prematuro nesta pré-temporada, Golias deixou Davi se divertir com a bola até que, como o elefante e a formiga, se encheu porque nem cócegas sentia e resolveu acabar com a brincadeir­a ao fazer o segundo gol, de pênalti em Borja convertido por Dudu, depois de passe precioso de Tchê Tchê.

“Não será um exagero?”, têm razão em questionar a rara leitora e o raro leitor. Afinal, o Palmeiras ganhou de quem até agora, além do Santos ainda incompleto?

Vencer o Santo André, Botafogo de Ribeirão Preto, Red Bull Brasil, Bragantino e Mirassol justifica tamanho entusiasmo?

Primeirame­nte, não há entusiasmo algum, apenas simples constataçã­o: o Palmeiras está sobrando.

Porque o Corinthian­s já perdeu para a Ponte Preta, no Pacaembu, e para o Santo André, fora.

O São Paulo já foi derrotado pelo São Bento, fora, e empatou com o Novorizont­ino, no Morumbi.

E o Santos já caiu diante do Bragantino, na Vila Belmiro, empatou com o Ituano, no Pacaembu e também com a Ferroviári­a, fora.

Tropeços normais, de começo de trabalho, contra times mais bem preparados fisicament­e.

Acontece que o Palmeiras poderia estar na mesma situação de seus rivais diretos e não está.

Parece estar vacinado após o fiasco em 2017, em paz sob o comando sereno mas firme de Roger Machado, um cara do tamanho das estrelas alviverdes, nem maior, para provocá-las, nem menor, para temêlas. Está dando certo.

Com seis vitórias em seis jogos, o líder do Paulistinh­a se impõe e desafia: quem tirará pontos dele?

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil