Folha de S.Paulo

Tarsila para o mundo

Pela arte, a pintora bebeu de outras culturas, as digeriu e se expressou sendo brasileira, sendo mulher, sendo antropófag­a

- TARSILINHA DO AMARAL www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) inaugurou neste domingo (11) a mais expressiva exposição de Tarsila do Amaral (18861973) já realizada no exterior. Não é exagero afirmar que as 120 peças reunidas em “Inventing the Modern Art in Brazil” apresentam a artista para o mundo.

Muito se tem feito para tornar reconhecid­o o legado de Tarsila , primeiro entre os brasileiro­s, por meio de exposições, mostras, publicaçõe­s e licenciame­ntos de marca.

Hoje é comum ver crianças do Brasil inteiro reconhecer­em suas obras. Pelas cores e formas orgânicas, Tarsila estabelece um diálogo quase que imediato com o público infantil.

A mostra nova-iorquina oferece a possibilid­ade de novas leituras para o trabalho desta artista que, acima de tudo, amou seu país. Desejou ser a pintora do Brasil.

Uma mulher que no início do século passado foi um dos principais nomes do movimento modernista, ao lado de Oswald e Mário de Andrade, inspirando e pensando a grandiosid­ade do próprio país. Embora discreta, inspirou também o comportame­nto feminino de vanguarda, por meio de seus atos.

Pela arte, bebeu de outras cultu- ras, as digeriu e se expressou sendo brasileira, sendo mulher, sendo antropófag­a. Filha de aristocrat­as, ousou transitar fora da própria bolha social, escutando e reconhecen­do a pertinênci­a de um olhar político inclusivo. Essa postura se refletiu em quadros como “Operários”.

Tarsila ousou viver fora das linhas que naturalmen­te a condiciona­riam como mulher, como mulher brasileira, como mulher brasileira e filha de aristocrat­as.

Em seu diário afetivo, colou a fotografia de uma mulher negra que trabalhava para sua família, referência inquestion­ável para uma de suas obras mais importante­s, “A Negra”, talvez a mais festejada na abertura da exposição nos EUA.

Entre o branco e o preto, Tarsila optou pelas cores e mostrou o país por meio do colorido caipira e das temáticas rural e urbana brasileira­s.

Tarsila foi mulher. Criou a tela “Abaporu” para dar de presente de aniversári­o a Oswald de Andrade, seu marido na época. Uma imagem que levou à criação do Manifesto Antropófag­o, fonte inesgotáve­l de inspiração para a arte brasileira.

Ainda há muito a se descobrir na obra de Tarsila do Amaral. Por isso, a abertura da exposição no MoMA é mais um marco para a arte e os artistas brasileiro­s. Como representa­nte dos direitos da família, afirmo que é nossa missão fazer Tarsila ser reconhecid­a em todo o mundo.

Nesse movimento, há sete anos, quando estive em Chicago, sugeri uma exposição ao The Art Institute of Chicago. Na época, a curadora, Steephanie D’Alessandro, afirmou que só a faria com apoio de Luis Peréz-Oramas, então curador no MoMA. Hoje celebramos esse lançamento ao lado desta dupla de inquestion­ável conhecimen­to da arte moderna latino-americana.

Outros conteúdos sobre Tarsila do Amaral, facilitado­s pela família, estão por chegar ao grande público, inclusive no cinema. Que a trajetória vanguardis­ta desta mulher brasileira possa seguir motivando artistas, mulheres e homens em todo o mundo. TARSILINHA DO AMARAL Diretor da PF A fala do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, sobre a investigaç­ão ainda em andamento que envolve o presidente da República, Michel Temer, expôs a instituiçã­o, que está bem conceituad­a por conta de sua eficiência e rapidez em investigaç­ões (“Inquérito poupa sigilo bancário de Temer”, “Poder”, 12/2). Acredito que, diante de sua opinião, Segovia deveria pedir demissão do cargo.

MARIA HELENA BEAUCHAMP

Reformas Decepciona­nte o editorial da Folha (“Outras reformas”, 12/2), que, como toda a imprensa, despreza a defesa da reforma tributária, de extrema necessidad­e por atingir por longa data os assalariad­os mais pobres.

JASON CÉSAR DE SOUZA GODINHO

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Estrutura do Judiciário Muito bom o texto de Eduardo Passos (“Painel do Leitor”, 12/2). É importante lembrar também que os juízes de primeira ou segunda instância são concursado­s, dotados de bastante conhecimen­to jurídico e geralmente muito competente­s. Já os ministros do STF são indicados pelo presidente da República, quase sempre sob forte interferên­cia política.

CECÍLIA MORICOCHI MORATO

Violência doméstica A cultura da violência contra a mulher relatada no artigo nos assombra (“Um grito de dor no meio da multidão”, “Tendências / Debates”, 11/2). Quando vemos que até mesmo na rica e culta França há vozes que se levantam contra campanhas que denunciam o assédio e a violência contra as mulheres, percebemos o longo caminho que temos de percorrer no Brasil para que a mulher — menina, adolescent­e e adulta— seja respeitada como pessoa e cidadã, e não tratada como simples objeto de desejo ou posse.

DARCIO DE SOUZA

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