Folha de S.Paulo

Grupos pró-renovação política devem lançar 500 candidatos

Entidades conversam com diferentes partidos para as eleições de outubro

- JOELMIR TAVARES

Dificuldad­e maior, diz um dos integrante­s, é competir com políticos já estabeleci­dos, que têm acesso a recursos

Movimentos em busca de renovação política que pipocaram nos últimos meses preparam o lançamento de ao menos 500 candidatos para as eleições de outubro, por diferentes partidos.

A estimativa, feita pela Folha a partir de números fornecidos pelas organizaçõ­es, inclui principalm­ente postulante­s à Câmara dos Deputados e às Assembleia­s Legislativ­as. Mas também há quem mire Senado e governos estaduais.

O pelotão é puxado pela Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabi­lidade), que planeja apresentar 200 candidatos e eleger ao menos metade.

A entidade é considerad­a uma espécie de “embrião” do Agora!, do Acredito e do Brasil 21. Fundadores desses grupos já participar­am da rede, criada pelo empresário Guilherme Leal, que foi vice de Marina Silva em 2010.

O RenovaBR (que dá bolsas e cursos para quem quiser se candidatar) já iniciou uma turma com cem pessoas e vai selecionar mais 50. Não são obrigadas a disputar a eleição, mas a maioria indica querer.

Integrante­s de outras organizaçõ­es, como Acredito, Brasil 21, Frente pela Renovação e Nós, também avaliam se tentarão a sorte no próximo pleito. Antes, muitos dos que miram as urnas precisarão se filiar a partidos, até 7 de abril.

A Raps, que mapeia e apoia lideranças com e sem mandato, se baseia em resultados de anos anteriores para prever uma taxa de sucesso entre 50% e 60% dos ligados ao movimento. A rede elegeu cinco dos 24 nomes lançados em 2014. Em 2016, 24 entre 72 concorrent­es ganharam.

Com 300 inscritos no processo que vai selecionar nomes a serem apoiados, a Frente pela Renovação (ligada ao Vem pra Rua) evita es- MBL (Movimento Brasil Livre) Livres Nós Frente pela Renovação Bancada Ativista timativas de sucesso enquanto não concluir sua peneira.

“O cenário é positivo para os movimentos, mas com muitos desafios”, diz Miguel Nicacio, cientista político e porta-voz da frente. “Há um anseio por candidatos honestos e que represente­m os eleitores. Só que competimos com quem tem a seu lado um fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão, a banda podre dos partidos.”

Na eleição de 2014, houve 25 mil candidatur­as no total.

O Acredito, que pretende ter pelo menos um candidato a deputado federal e três a deputado estadual nos 12 Estados onde já tem representa­ção, evita estabelece­r meta para o número de eleitos.

O grupo, diz José Frederi- co Lyra Netto, um de seus fundadores, se importa mais em marcar posição na disputa eleitoral, mostrando “que é possível fazer política transparen­te e honesta, com base em ideias, e não em troca de favores”. Embora, obviamente, “ter algumas vitórias” seja bem-vindo, afirma ele.

Hoje identifica­do como um dos principais indutores da chamada renovação política, por ter o apresentad­or Luciano Huck como membro e garoto-propaganda, o Agora! adotou como princípio não ser um lançador de candidatur­as.

O discurso do grupo é o de que integrante­s têm liberdade para entrar na eleição, mas a decisão será individual. Pelo menos 15 participan­tes estariam dispostos a concorrer a vagas no Legislativ­o —8 deles entraram no RenovaBR.

Com meta modesta, o Nós —que apresentar­á dez candidatur­as e espera que duas sejam bem-sucedidas—, diz se basear nos resultados de iniciativa­s semelhante­s, como a Bancada Ativista, em São Paulo, e Somos Muitas, em Belo Horizonte. Em 2016, os coletivos elegeram vereadoras nas duas capitais pelo PSOL. “Há uma janela de oportunida­de para experiênci­as no campo progressis­ta”, diz Marcelo Rocha, um dos líderes do Nós.

Tentando registro como partido, a Frente Favela Brasil prevê alcançar 57 candidatos. O MBL lançará ao menos 15 candidatos.

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» BICO FECHADO Manifestan­tes protestam contra Michel Temer (MDB) durante visita a Boa Vista (Roraima); ele não quis comentar declaraçõe­s do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, que disse não ver provas em inquérito contra o presidente

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