Israel revela plano de anexar assentamentos
Premiê Binyamin Netanyahu afirma estar coordenando anexação com governo Trump, que nega ter tido conversas
Palestinos protestam contra medida; em encontro com Putin, Abbas diz rejeitar mediação americana
Um comentário feito nesta segunda (12) pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, expôs rixas antes invisíveis entre ele e o presidente americano, Donald Trump. Em reunião com líderes de seu partido, o conservador Likud, Netanyahu revelou estar coordenando, com o governo americano, uma possível anexação de assentamentos israelenses da Cisjordânia, território ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967).
“Sobre o tema da aplicação da soberania, posso dizer que tenho conversado com os americanos sobre isso há algum tempo”, disse Netanyahu. “Estamos coordenando com os americanos porque, primeiro, a conexão com eles é estratégica para o Estado de Israel e para os assentamentos. E, segundo, é preciso ser uma iniciativa do governo e não uma privada, já que é uma medida histórica.”
O comentário levou a uma rápida onda de reações negativas entre os palestinos: “Qualquer movimento unilateral no contexto da imposição do controle israelense sobre os assentamentos não mudará a realidade de que os assentamentos são ilegais e tais medidas só levarão a um aumento de tensão”, disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
“A anexação de terras palestinas por parte de Israel significaria a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação e independência”, reagiu o negociador de paz palesti- no, Saeb Erekat.
Pouco depois das palavras do premiê, no entanto, a Casa Branca negou qualquer tipo de coordenação: “Os relatos de que os EUA discutiram com Israel um plano de anexação para a Cisjordânia são falsos”, disse o porta-voz, Josh Raffel. “Os EUA e Israel nunca discutiram essa proposta, e o foco do presidente permanece em sua iniciativa de paz israelo-palestina.”
Pressionado, o premiê israelense teve de divulgar um raro comunicado oficial na tentativa de explicar o disseme-disse: “O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu atu- foi divulgado.
O comentário de Netanyahu coincide ainda com o espancamento de dois soldados israelenses que entraram por engano na cidade palestina de Jenin por orientação do aplicativo de navegação Waze. Os militares foram resgatados por policiais palestinos.
Mas a comoção nacional após a divulgação de vídeos mostrando a soldada aos berros elevou ainda mais a tensão, já em alta com a queda de um avião israelense na fronteira com a Síria e o assassinato de um rabino que esperava um ônibus perto do assentamento de Ariel, dia 5.