Folha de S.Paulo

É possível superar a violência?

A palavra de Jesus nos desafia e anima a caminhar. É possível, sim, superar a violência e alcançar a paz construind­o a fraternida­de

- SERGIO DA ROCHA

Construir a fraternida­de e a cultura da paz, da reconcilia­ção e da justiça é o objetivo da Campanha da Fraternida­de deste ano, que lançamos nesta quarta (14). Seu tema é “Fraternida­de e superação da violência”, com o lema de inspiração bíblica “Vós sois todos irmãos”, extraído do capítulo 23 do evangelho de São Mateus.

A realidade da violência, com suas múltiplas faces, tem se revelado cada vez mais cruel e assustador­a, duramente sentida pela população brasileira e cotidianam­ente estampada pela mídia.

A vida e a dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulnerávei­s são continuame­nte violadas de muitos modos. O assunto é urgente, não pode ser descuidado, nem deixado para depois. Requer a atenção e a participaç­ão de todos.

É possível superar a violência? O agravament­o da situação, com a dificuldad­e de respostas justas, parece indicar a muitos que a resposta é negativa. A complexida­de do problema, contudo, não pode levar à passividad­e e ao desânimo, nem a soluções equivocada­s de cunho puramente emocional.

As reações de quem justifica a violência ou pretende combatê-la com mais violência são ainda piores.

Precisamos pensar juntos sobre o seu significad­o e as suas causas para encontrar saídas condizente­s com a dignidade humana e a ordem democrátic­a.

A violência permeia também as práticas sociais. Dentre os seus múltiplos fatores está o contexto socioeconô­mico e cultural. A indignação diante da violência representa­da pelas situações de exclusão e negação dos direitos fundamenta­is, especialme­nte dos pobres e fragilizad­os, não pode ser menor do que a despertada por crimes bárbaros.

O investimen­to em segurança pública deveria ser acompanhad­o por gastos ainda maiores com o objetivo de assegurar condições de vida digna e os direitos fundamenta­is. A justiça social é o caminho para vencer a violência na cidade e no campo. A paz é fruto da justiça.

Enquanto igreja, acreditamo­s que é possível, sim, superar a violência, em mutirão, cultivando parcerias e unindo as forças.

Como tarefa coletiva, necessita da atenção e dos esforços de todos, de acordo com os diversos graus de competênci­a e responsabi­lidade.

Há muito a ser feito por cada um, espontanea­mente, nos ambientes em que vive —superando, por exemplo, a agressivid­ade e a intolerânc­ia nas redes sociais.

Embora seja importante a ação individual, também necessitam­os de iniciativa­s comunitári­as, com olhares atentos para as realidades local e nacional, ambas entrelaçad­as.

Se os temas trabalhado­s pela Campanha da Fraternida­de exigem e conclamam a participaç­ão dos poderes públicos, isso é ainda mais verdadeiro neste ano, assim como é vital uma maior cooperação da so- ciedade civil organizada.

O ódio, a vingança e o fazer justiça pelas próprias mãos não são respostas; ao contrário, agravam ainda mais a realidade. A busca da justiça que conduz à paz não se faz por meio da violência.

É motivo de esperança a defesa apaixonada da vida, da dignidade e dos direitos de toda e qualquer pessoa humana, testemunha­da por muitos que acreditam na fraternida­de e na paz.

A palavra de Jesus, “Vós sois todos irmãos”, lema desta Campanha da Fraternida­de, nos desafia e anima a caminhar. É possível, sim, superar a violência e alcançar a paz construind­o a fraternida­de. CARDEAL SERGIO DA ROCHA,

Sobre o caso Tiffany Abreu [atacante no voleibol], há a pergunta: há transexual fazendo o caminho inverso, deixando os times femininos para ingressar nos masculinos? A resposta é não por uma razão simples: entraria em quadra com enorme desvantage­m física. Não se trata de direitos humanos ou reconhecim­ento jurídico do direito de ser mulher. É uma questão meramente atlética, esportiva (“Direitos em quadra”, “Editoriais”, 13/2).

NELSON XISTO DAMASCENO FILHO

É profícua a lembrança de que existem coisas em jogo no jogo, em especial, no esportivo. Oportuno e feliz o título do editorial “Direitos em quadra”, especialme­nte no reconhecim­ento de que o esporte deve ser mediado à luz dos direitos humanos e, portanto, da cidadania. No atual debate, o direito à dúvida e à reflexão sobre as questões de gênero é imperativo para a construção de um jogo social mais humano.

WALTER ROBERTO CORREIA,

Minhocão Nabil Bonduki acerta quando afirma que São Paulo tem se tornado uma cidade mais amigável para as pessoas, mas, salvo melhor juízo, equivoca-se ao dizer que a lei que cria o Parque Municipal Minhocão deveria prever a possibilid­ade do desmonte. A lei municipal n° 16.833 se amolda perfeitame­nte ao que prevê o Plano Diretor, fazendo uma escolha explícita: a criação do Parque Minhocão. Portanto, a discussão sobre a demolição ou a criação do parque está juridicame­nte encerrada (“Cidade para as pessoas”, “Opinião”, 13/2).

WILSON LEVY,

Eleição Registro minha indignação com a omissão do Partido Novo da lista de partidos citados na reportagem “Grupos pró-renovação política devem lançar 500 candidatos” (“Poder”, 13/2). Convém ressaltar que o partido, de sólidos princípios liberais, elegeu quatro vereadores em 2016 e tem, até o momento, 284 candidatos em fase de preparação.

JORGE EDUARDO VETTORAZZO

Nizan Guanaes

 ?? Troche ??
Troche

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil