Sambista da liberdade, foi Imperatriz até o fim
Nilton de Souza, o Niltinho Tristeza, ficou em quarto lugar na disputa pelo samba enredo deste ano da Imperatriz Leopoldinense, escola da região central do Rio. Mesmo aos 82 anos, recusava a aposentadoria.
Exemplo de obra que supera seu criador, Tristeza tirou seu nome artístico justamente de um dos sambas mais tradicionais do país, aquele que pede que a “tristeza, por favor, vá embora”, de sua autoria.
Em 1989, o samba “Liberdade! Liberdade! Abre as Asas Sobre Nós” levou a Imperatriz ao seu terceiro título (hoje são oito). Mas não estava entre os favoritos.
Tristeza, Vicentinho, Preto Jóia e Jurandir se reuniram no improviso para concorrer com o samba favorito de Dominguinhos do Estácio. Tristeza já tinha a melodia pronta, mas com outra letra, de amor. Era preciso adaptar ao enredo sobre os cem anos da Proclamação da República.
“Liberdade” levou o título e virou um hino brasileiro no período em que o país dava os primeiros suspiros de redemocratização, com o fim da ditadura militar e o nascimento de uma nova Constituição. “Nós não imaginávamos que o samba viraria esse símbolo para o país”, afirma Jurandir.
O sucesso não lhe subiu à cabeça. Apesar de muito vaidoso (não saia à rua mal vestido), Niltinho nunca deixou de receber amigos e parceiros de composição em casa, no bairro de Olaria, zona norte.
Acometido por um câncer no pulmão tardiamente diagnosticado, morreu no sábado de Carnaval (11), sem poder ver um samba seu na avenida novamente.
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