Folha de S.Paulo

Uma missão de todos

É um desafio garantir o acesso à saúde a todos os brasileiro­s; fica ainda mais difícil quando o trabalho é feito sem parcerias

- EDUARDO CALDERARI www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Recentemen­te pediram-me para resumir em uma frase o que penso sobre o acesso à saúde no Brasil. Refleti sobre a diversidad­e do país e o princípio da Constituiç­ão Federal de que a “saúde é direito de todos”, independen­temente do município e do poder aquisitivo do cidadão.

Isso significa que é necessário percorrer 8.516.000 km², 47% do território sul-americano, e atingir mais de 200 milhões de pessoas —desde comunidade­s isoladas até os que vivem em grandes metrópoles.

É um desafio contemplar a todos; torna-se ainda mais difícil quando o trabalho é feito sozinho.

Defino acesso como uma ação colaborati­va, começando pela conscienti­zação de toda a cadeia de saúde sobre como cada integrante pode contribuir dentro de sua especialid­ade.

Vale visitar iniciativa­s internacio­nais interessan­tes para sanar alguns dos complexos problemas da saúde. Em comum, elas têm como foco a gestão de recursos adequada às necessidad­es da população.

Há, por exemplo, o modelo privado, como é o caso dos Estados Unidos, ou o modelo europeu, cujos serviços particular­es são financiado­s pelos governos.

Nossas diferenças socioeconô­micas em relação a esses países é gritante, é certo. Mas há boas notícias: nós, do setor privado, estamos “arregaçand­o as mangas”, nos colocando à disposição para colaborar com o poder público.

Na ponta que cabe à indústria farmacêuti­ca, abrimos portas para negociaçõe­s com práticas de descontos que resultaram em incorporaç­ões fundamenta­is.

Desenvolve­mos modelos de reembolso personaliz­ado, de risco compartilh­ado, assegurand­o que operadoras de saúde paguem apenas por terapias com resultados claros —executando, de fato, uma parceria efetiva.

Podemos e devemos colaborar para sanar gargalos regionais, mapeando obstáculos —como o baixo nível de informação sobre doenças, o diagnóstic­o tardio, as estruturas precárias e insuficien­tes e a crescente falta de recursos.

Por outro lado, o Ministério da Saúde também tem feito um trabalho de mudanças essenciais, como a aprovação de propostas de PDPs de medicament­os inovadores (parcerias para cooperação, de institu- ições públicas e entidades privadas, para desenvolvi­mento, transferên­cia e absorção de tecnologia em produtos importante­s para atender às demandas do SUS). Precisamos de mais parcerias público-privadas para acelerar processos decisórios.

Sabemos que, em 20 anos, o número de idosos irá quase dobrar. A população acima dos 80 anos aumentará em mais de 150%.

Projeções da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) para 2030 indicam que as principais causas de mortalidad­e no mundo não serão mais as doenças cardiovasc­ulares ou cerebrovas­culares e sim o câncer, já combatido com tecnologia­s de ponta no setor privado, mas não no público.

Com este cenário, observo a sociedade se aproximand­o das esferas políticas, usando do poder social, entre outras importante­s iniciativa­s.

Sinal de amadurecim­ento de uma população disposta a colaborar no que lhe cabe. Faço aqui um convite: vamos exercer a colaboraçã­o para fazer a diferença no sistema público de saúde, buscando caminhos para mais qualidade, segurança e acessibili­dade a todos, independen­temente de onde estiverem. EDUARDO CALDERARI

Equivoca-se Marcelo Arbix Nascimbem ao comparar o bloqueio de ruas durante o Carnaval com o AI-5 (“Painel do Leitor”, 14/2). Já estive em Nova York durante o Réveillon e, ao voltar para o apartament­o que ficava dentro da área interditad­a, a polícia pediu um comprovant­e e me acompanhou até a porta do prédio. Isso é praxe por lá. Os EUA são o maior exemplo de democracia e liberdade. É preciso não exagerar, há muita histeria no ar.

NUNO M. M. MARTINS

Mães encarcerad­as Ilona Szabó de Carvalho começa seu artigo com um apelo: “Por favor, pensem nas crianças” (“Infância atrás das grades”, “Cotidiano”, 14/2). A autora não esconde sua angústia ao abordar o tema. Entretanto, se pela lei todos nós somos iguais, como conduzir de maneira justa essa desigualda­de que ela propõe na aplicação dessa mesma lei? Que pena foi ninguém ter dito a essas mães, hoje encarcerad­as, que pensassem nas suas crianças antes de cometer os delitos que as levaram ao cárcere.

JOÃO MANUEL CARVALHO MAIO

Publicidad­e Inimagináv­el um escritório de advocacia infringir a Lei Cidade Limpa —e ainda usando a bandeira como produto (“Exaltada por Doria, bandeira com marca infringe Lei Cidade Limpa”, “Cotidiano”, 13/2). Nas faixas, a frase “Eu amo o Brasil”, com o pronome na primeira pessoa do singular, é bem reveladora do tipo de patriotism­o que os advogados alegam ter. A prefeitura sempre atuando com a máxima: “Para meus amigos, tudo”.

MARCY JUNQUEIRA

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Esqueceram-se de perguntar ao governador Rui Costa (PT), que defende com veemência a candidatur­a de Lula à Presidênci­a, quem seria o nome mais indicado para compor a chapa como candidato a vice. Certamente ele manifestar­ia a opção pelos nomes de Sérgio Cabral ou de Fernandinh­o Beira-Mar.

JOAQUIM ARTHUR PEDREIRA FRANCO DE CASTRO

Venezuela É triste constatar que em pleno século 21 ainda existam fome e desnutriçã­o (“Maioria dos venezuelan­os até 5 anos está desnutrida, diz comissão”, “Mundo”, 13/2).

JOÃO ANTONIO MICHELETTI,

Auxílio-moradia Seria melhor que a Folha, na sua campanha contra o auxíliomor­adia, não enxovalhas­se pessoalmen­te cada um dos juízes que têm se destacado na mídia, principalm­ente combatendo a corrupção. Se já sabe que quase toda a magistratu­ra recebe o benefício, para não ser seletivo, redundante e não cansar o leitor, deveria o jornal fazer reportagen­s sobre juízes que declinaram do benefício, em vez de denegrir aqueles que passaram a recebê-lo, com base em lei complement­ar à Constituiç­ão.

JORGE ALBERTO QUADROS DE CARVALHO SILVA,

Nizan Guanaes Lendo a coluna de Nizan Guanaes (“Julio Ribeiro”, “Mercado”, 13/2), pensei o mesmo que o leitor Rodrigo Levino (“Painel do Leitor”, 14/2): qual foi a importânci­a do trabalho de Julio Ribeiro? Confesso que queria saber mais sobre ele. Mas o que li foi um resumo da trajetória do autor da coluna. Estranha homenagem.

MÁRCIA GONÇALVES,

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