Uma missão de todos
É um desafio garantir o acesso à saúde a todos os brasileiros; fica ainda mais difícil quando o trabalho é feito sem parcerias
Recentemente pediram-me para resumir em uma frase o que penso sobre o acesso à saúde no Brasil. Refleti sobre a diversidade do país e o princípio da Constituição Federal de que a “saúde é direito de todos”, independentemente do município e do poder aquisitivo do cidadão.
Isso significa que é necessário percorrer 8.516.000 km², 47% do território sul-americano, e atingir mais de 200 milhões de pessoas —desde comunidades isoladas até os que vivem em grandes metrópoles.
É um desafio contemplar a todos; torna-se ainda mais difícil quando o trabalho é feito sozinho.
Defino acesso como uma ação colaborativa, começando pela conscientização de toda a cadeia de saúde sobre como cada integrante pode contribuir dentro de sua especialidade.
Vale visitar iniciativas internacionais interessantes para sanar alguns dos complexos problemas da saúde. Em comum, elas têm como foco a gestão de recursos adequada às necessidades da população.
Há, por exemplo, o modelo privado, como é o caso dos Estados Unidos, ou o modelo europeu, cujos serviços particulares são financiados pelos governos.
Nossas diferenças socioeconômicas em relação a esses países é gritante, é certo. Mas há boas notícias: nós, do setor privado, estamos “arregaçando as mangas”, nos colocando à disposição para colaborar com o poder público.
Na ponta que cabe à indústria farmacêutica, abrimos portas para negociações com práticas de descontos que resultaram em incorporações fundamentais.
Desenvolvemos modelos de reembolso personalizado, de risco compartilhado, assegurando que operadoras de saúde paguem apenas por terapias com resultados claros —executando, de fato, uma parceria efetiva.
Podemos e devemos colaborar para sanar gargalos regionais, mapeando obstáculos —como o baixo nível de informação sobre doenças, o diagnóstico tardio, as estruturas precárias e insuficientes e a crescente falta de recursos.
Por outro lado, o Ministério da Saúde também tem feito um trabalho de mudanças essenciais, como a aprovação de propostas de PDPs de medicamentos inovadores (parcerias para cooperação, de institu- ições públicas e entidades privadas, para desenvolvimento, transferência e absorção de tecnologia em produtos importantes para atender às demandas do SUS). Precisamos de mais parcerias público-privadas para acelerar processos decisórios.
Sabemos que, em 20 anos, o número de idosos irá quase dobrar. A população acima dos 80 anos aumentará em mais de 150%.
Projeções da OMS (Organização Mundial da Saúde) para 2030 indicam que as principais causas de mortalidade no mundo não serão mais as doenças cardiovasculares ou cerebrovasculares e sim o câncer, já combatido com tecnologias de ponta no setor privado, mas não no público.
Com este cenário, observo a sociedade se aproximando das esferas políticas, usando do poder social, entre outras importantes iniciativas.
Sinal de amadurecimento de uma população disposta a colaborar no que lhe cabe. Faço aqui um convite: vamos exercer a colaboração para fazer a diferença no sistema público de saúde, buscando caminhos para mais qualidade, segurança e acessibilidade a todos, independentemente de onde estiverem. EDUARDO CALDERARI
Equivoca-se Marcelo Arbix Nascimbem ao comparar o bloqueio de ruas durante o Carnaval com o AI-5 (“Painel do Leitor”, 14/2). Já estive em Nova York durante o Réveillon e, ao voltar para o apartamento que ficava dentro da área interditada, a polícia pediu um comprovante e me acompanhou até a porta do prédio. Isso é praxe por lá. Os EUA são o maior exemplo de democracia e liberdade. É preciso não exagerar, há muita histeria no ar.
NUNO M. M. MARTINS
Mães encarceradas Ilona Szabó de Carvalho começa seu artigo com um apelo: “Por favor, pensem nas crianças” (“Infância atrás das grades”, “Cotidiano”, 14/2). A autora não esconde sua angústia ao abordar o tema. Entretanto, se pela lei todos nós somos iguais, como conduzir de maneira justa essa desigualdade que ela propõe na aplicação dessa mesma lei? Que pena foi ninguém ter dito a essas mães, hoje encarceradas, que pensassem nas suas crianças antes de cometer os delitos que as levaram ao cárcere.
JOÃO MANUEL CARVALHO MAIO
Publicidade Inimaginável um escritório de advocacia infringir a Lei Cidade Limpa —e ainda usando a bandeira como produto (“Exaltada por Doria, bandeira com marca infringe Lei Cidade Limpa”, “Cotidiano”, 13/2). Nas faixas, a frase “Eu amo o Brasil”, com o pronome na primeira pessoa do singular, é bem reveladora do tipo de patriotismo que os advogados alegam ter. A prefeitura sempre atuando com a máxima: “Para meus amigos, tudo”.
MARCY JUNQUEIRA
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Esqueceram-se de perguntar ao governador Rui Costa (PT), que defende com veemência a candidatura de Lula à Presidência, quem seria o nome mais indicado para compor a chapa como candidato a vice. Certamente ele manifestaria a opção pelos nomes de Sérgio Cabral ou de Fernandinho Beira-Mar.
JOAQUIM ARTHUR PEDREIRA FRANCO DE CASTRO
Venezuela É triste constatar que em pleno século 21 ainda existam fome e desnutrição (“Maioria dos venezuelanos até 5 anos está desnutrida, diz comissão”, “Mundo”, 13/2).
JOÃO ANTONIO MICHELETTI,
Auxílio-moradia Seria melhor que a Folha, na sua campanha contra o auxíliomoradia, não enxovalhasse pessoalmente cada um dos juízes que têm se destacado na mídia, principalmente combatendo a corrupção. Se já sabe que quase toda a magistratura recebe o benefício, para não ser seletivo, redundante e não cansar o leitor, deveria o jornal fazer reportagens sobre juízes que declinaram do benefício, em vez de denegrir aqueles que passaram a recebê-lo, com base em lei complementar à Constituição.
JORGE ALBERTO QUADROS DE CARVALHO SILVA,
Nizan Guanaes Lendo a coluna de Nizan Guanaes (“Julio Ribeiro”, “Mercado”, 13/2), pensei o mesmo que o leitor Rodrigo Levino (“Painel do Leitor”, 14/2): qual foi a importância do trabalho de Julio Ribeiro? Confesso que queria saber mais sobre ele. Mas o que li foi um resumo da trajetória do autor da coluna. Estranha homenagem.
MÁRCIA GONÇALVES,