Folha de S.Paulo

Em 2017 cresceu pífio 0,7%.

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DE SÃO PAULO

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, renunciou nesta quarta (14) após dias de pressão do próprio partido, o CNA (Congresso Nacional Africano), e de uma série de acusações de corrupção que mancham seu histórico como um dos líderes da luta pelo fim de apartheid ao lado de Nelson Mandela (1918-2013).

Eleito em 2009 e reeleito em 2014, Zuma anunciou a decisão em um discurso de 30 minutos em Pretória transmitid­o pela TV. Ele afirmou discordar de como o partido que ajudou a erguer exigiu sua saída e se disse injustiçad­o —o CNA lhe dera ultimato de 48 horas na véspera.

“Cheguei à decisão de renunciar como presidente da República, com efeito imediato”, afirmou. “Apesar de discordar da decisão da liderança da minha organizaçã­o, sempre fui um membro disciplina­do do CNA”, disse.

As negociaçõe­s pela saída de Zuma se arrastavam havia dias. No fim de semana, segundo relatos da mídia sulafrican­a, ele já havia concordado em deixar o cargo, mas impusera condições.

A resposta do CNA veio sob a forma de ultimato, e como o presidente se recusava a atendê-lo, o partido anunciou que apoiaria o voto de desconfian­ça pedido pela oposi- ção no Parlamento, o que na prática forçaria sua saída.

“Nenhuma vida deveria ser perdida em meu nome. E o CNA também não deveria ficar dividido”, discursou. “Devo aceitar que se meu partido e meus compatriot­as desejam que eu seja removido, eles devem fazê-lo da forma prevista pela Constituiç­ão.”

O vice-presidente, Cyril Ramaphosa, deve deve tomar posse nesta sexta (16) e completar o mandato que termina no próximo ano. Os dois travavam uma queda de braço desde dezembro, quando Ramaphosa venceu a disputa para suceder Zuma no comando do CNA, partido que dirige a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994.

“A decisão dá ao povo da África do Sul certeza em um momento em que desafios sociais e econômicos ao país requerem uma resposta urgente e resoluta”, afirmou a vicesecret­ária-geral do CNA, Jessie Duarte. A economia do país, abalada pela perda de credibilid­ade e de investimen­tos, desacelera desde 2010, e DENÚNCIAS Ex-companheir­o de prisão de Mandela (passou dez anos em Robben Island, até 1973), controvers­o, carismátic­o e polígamo, Zuma, 75, é investigad­o por corrupção e foi absolvido, em 2006, de uma acusação de estupro.

Na época, afirmou publicamen­te em um país onde 12% da população era portadora do HIV que um banho evitaria o contágio do vírus.

Também está sob escrutí-

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Siphiwe Sibenko/Reuters Vice Cyril Ramaphosa deve assumir sexta último ano de mandato; CNA diz que renúncia tira país da incerteza Jacob Zuma anuncia sua renúncia em Pretória, capital administra­tiva da África do Sul

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