Temer decretará emergência em Roraima
Refugiados venezuelanos, muitos em situação de rua, saturam rede de saúde pública e serviços em Boa Vista
Presidente se envolveu pessoalmente na crise, na tentativa de criar marca do governo na área da segurança
Na tentativa de criar uma marca na área da segurança pública, o presidente Michel Temer envolveu-se pessoalmente na crise dos refugiados venezuelanos e decretará situação de emergência social em Roraima.
Na sexta-feira (16), será publicada uma medida provisória permitindo o repasse imediato de recursos federais e a atuação das Forças Armadas na coordenação das ações humanitárias.
O Palácio do Planalto ainda não definiu o montante que será destinado à crise, mas deve atender à demanda do governo estadual, que solicitou R$ 15 milhões.
Na semana passada, o presidente enviou uma comitiva de ministros a Boa Vista para avaliar a situação dos cerca de 40 mil venezuelanos que cruzaram a fronteira.
Na segunda-feira (12), Temer foi a Roraima, mas não visitou abrigos e a praça onde acampam os refugiados.
Com uma rejeição de 70%, o emedebista tem apostado na segurança pública como uma maneira de melhorar a imagem do governo.
Ele pretende criar em março o Ministério da Segurança Pública e aprovar neste ano medidas no Congresso Nacional como o aumento de penas de crimes de alta periculosidade e o monitoramento de conversas de chefes de facção em presídios federais.
Nesta quarta-feira (14), o presidente se reuniu com a ministros para definir detalhes da operação na fronteira. O governo duplicará de 100 para 200 o efetivo militar e enviará à região um hospital de campanha para fazer cirurgias e consultas.
“Será instituída a emergência social e as Forças Armadas passarão a coordenar toda a ação e o efetivo militar e que o Brasil não pode se fechar para “um povo irmão”. Ele ponderou, contudo, que Roraima vive uma situação de saturação em serviços.
“O presidente Temer entendeu que caberia nacionalizar essa questão”, disse. “O Brasil é um país de imigrantes e não pode fechar os olhos. Se temos diferenças hoje com o governo o dissenso passa e as relações entre os povos continuam”.
O ministro disse ainda que as transferências de venezuelanos para outros Estados deve ter início até março, mas que a coordenação disso está com a Casa Civil.
A entrada de refugiados saturou a rede de saúde pública, aumentou o desemprego e elevou índices de violência em Boa Vista. Imigrantes têm pedido esmola, vendido doces ou lavado para-brisas nos semáforos. Moradores da cidade têm oferecido suas casas para refugiados. “Eu morei oito anos na Venezuela. É uma catástrofe o que estão fazendo lá”, disse o taxista Percinaldo Garcia, que abrigou uma família em sua casa.