Folha de S.Paulo

Temer decretará emergência em Roraima

Refugiados venezuelan­os, muitos em situação de rua, saturam rede de saúde pública e serviços em Boa Vista

- GUSTAVO URIBE TALITA FERNANDES

Presidente se envolveu pessoalmen­te na crise, na tentativa de criar marca do governo na área da segurança

Na tentativa de criar uma marca na área da segurança pública, o presidente Michel Temer envolveu-se pessoalmen­te na crise dos refugiados venezuelan­os e decretará situação de emergência social em Roraima.

Na sexta-feira (16), será publicada uma medida provisória permitindo o repasse imediato de recursos federais e a atuação das Forças Armadas na coordenaçã­o das ações humanitári­as.

O Palácio do Planalto ainda não definiu o montante que será destinado à crise, mas deve atender à demanda do governo estadual, que solicitou R$ 15 milhões.

Na semana passada, o presidente enviou uma comitiva de ministros a Boa Vista para avaliar a situação dos cerca de 40 mil venezuelan­os que cruzaram a fronteira.

Na segunda-feira (12), Temer foi a Roraima, mas não visitou abrigos e a praça onde acampam os refugiados.

Com uma rejeição de 70%, o emedebista tem apostado na segurança pública como uma maneira de melhorar a imagem do governo.

Ele pretende criar em março o Ministério da Segurança Pública e aprovar neste ano medidas no Congresso Nacional como o aumento de penas de crimes de alta periculosi­dade e o monitorame­nto de conversas de chefes de facção em presídios federais.

Nesta quarta-feira (14), o presidente se reuniu com a ministros para definir detalhes da operação na fronteira. O governo duplicará de 100 para 200 o efetivo militar e enviará à região um hospital de campanha para fazer cirurgias e consultas.

“Será instituída a emergência social e as Forças Armadas passarão a coordenar toda a ação e o efetivo militar e que o Brasil não pode se fechar para “um povo irmão”. Ele ponderou, contudo, que Roraima vive uma situação de saturação em serviços.

“O presidente Temer entendeu que caberia nacionaliz­ar essa questão”, disse. “O Brasil é um país de imigrantes e não pode fechar os olhos. Se temos diferenças hoje com o governo o dissenso passa e as relações entre os povos continuam”.

O ministro disse ainda que as transferên­cias de venezuelan­os para outros Estados deve ter início até março, mas que a coordenaçã­o disso está com a Casa Civil.

A entrada de refugiados saturou a rede de saúde pública, aumentou o desemprego e elevou índices de violência em Boa Vista. Imigrantes têm pedido esmola, vendido doces ou lavado para-brisas nos semáforos. Moradores da cidade têm oferecido suas casas para refugiados. “Eu morei oito anos na Venezuela. É uma catástrofe o que estão fazendo lá”, disse o taxista Percinaldo Garcia, que abrigou uma família em sua casa.

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