Roupa pouco importa, afirma criador do abadá
blocos, caso do Cheiro de Amor. Em seu segundo ano desfilando apenas sem cordas, a Banda Cheiro de Amor cruzou o circuito Barra-Ondina na sexta (9) com o projeto “pipoca híbrida”.
Distribuiu abadás com a marca “pipoca do Cheiro” e incentivou os antigos associados do bloco a irem para as ruas usando abadás de outros Carnavais. A iniciativa foi um sucesso: teve folião que tirou do guarda-roupa vestimentas de 30 anos atrás e foi para a rua vestido uma mortalha do bloco Cheiro dos anos 1980.
Nesta terça-feira (13), um grupo de dez amigos acompanhou o desfile sem cordas de Saulo Fernandes no circuito do Campo Grande vestido com mortalhas formando o bloquinho “Baiuno”. A ideia foi do estudante João Felipe Santana, 20: “Tentamos ficar o mais parecido possível com Saulo”, diz ele sobre o cantor baiano, que costuma se apresentar vestindo batas.
DE SALVADOR
Em 1993, o designer Pedrinho da Rocha criou a roupa para participar do Carnaval que ficou conhecida como abadá.
Hoje, 25 anos depois, ele afirmou à reportagem que “acha ótimo” que as fantasias voltem a ocupar o lugar deixado pelas roupas dos blocos carnavalescos. Folha - Como vê o retorno das fantasias no Carnaval de Salvador?
Pedrinho da Rocha Acho ótimo. Carnaval, na minha cabeça, é isso aí. Eu vim dessa tradição, morava no centro [de Salvador]. A gente botava blocos com dez, 15 pessoas nas ruas e saíamos vestidos com sacos de aniagem, usados para carregar feijão. Acha que os abadás padronizaram os foliões?
Sempre achei que a fantasia tinha que ser individual. Tanto que há cerca de 15 anos tentamos fazer isso no Bloco Cheiro, criamos um tema para cada dia de desfile e tentamos fazer com que os abadás virassem fantasias.
Acho que a fantasia, no sentido literal e no não literal, é muito importante para o Carnaval. O abadá caminha para o seu fim ou vai sobreviver?
Acho que [o abadá sobreviver] é o que menos importa. Nunca tive essa preocupação. O mais importante é que, seja onde e como ele for, o Carnaval seja uma expressão cultural nossa. Um momento em que as pessoas saem da realidade pra entrar na fantasia.
A roupa é o que menos importa. Tudo vale.