Clubes de SP contrariam decreto e anunciam bloco com ingresso
Evento prevê folia de rua com abadás; gestão Doria diz que fiscalizará
Clubes de elite de São Paulo anunciaram um bloco de rua com ingresso para sair no próximo domingo (18) no Jardim Europa (zona oeste).
Apenas sócios e convidados, com abadá, podem participar, segundo a divulgação do evento. A prática, no entanto, contraria decreto municipal do Carnaval de rua paulistano —que estabelece que os blocos devem ser gratuitos e sem fins lucrativos.
Promovida pelo Esporte Clube Pinheiros, Hebraica, Club Athletico Paulistano e Clube Paineiras do Morumby, a folia foi marcada para as 15h na rua Gumercindo Saraiva, 64, até a esquina da av. Brigadeiro Faria Lima.
O evento, chamado de Pholia dos Clubes, consta da lista de blocos de rua inscritos e autorizados pela prefeitura. Percurso e horário foram publicados no “Diário Oficial” em 1º de fevereiro, como parte do “Carnaval de Rua 2018”.
Em divulgações no Facebook e nos sites dos clubes, a organização deixa claro que, “para participar do bloco, é obrigatório o uso do abadá”.
Por telefone, um funcionário confirmou que o evento seria exclusivo para sócios e convidados, com cobrança de ingresso de R$ 40 e R$ 60, respectivamente.
As atrações principais, segundo comunicado no site Club Athletico Paulistano, são: “grupo Axé 90 Graus, com os cantores Tatau do Araketu, Reinaldinho do Terra Samba e Ninha do Timbalada, e ainda Jorge Ben Jor, responsável pelo encerramento”.
A cobrança de ingressos, uso de abadás ou a limitação do acesso aos blocos de rua, no entanto, são proibidas.
Decreto do prefeito João Doria (PSDB) de 5 de outubro de 2017 determina que os blocos devem ser “sem finalidade lucrativa” e gratuitos.
Ele também estabelece que, em se tratando da “ocupação temporária de bens públicos”, não é permitido o uso de “cordas, correntes, grades e outros meios de segregação do espaço que inibam a livre circulação do público ou constituam áreas privadas”.
Segundo o decreto, o uso de “vestuário distintivo” só é autorizado para identificar organizadores —e não pode servir como condição para a participação, como ocorre com os abadás.
O Pholia dos Clubes recebeu críticas de produtores da área, como a do empresário Alê Youssef, diretor do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. “Isso contraria a essência do Carnaval de rua. Eles não entenderam nada do Carnaval livre, descentralizado e democrático. Privatizar o espaço público e vender o direito à alegria não faz parte do espírito que transformou o Carnaval de SP nessa potência.” FISCALIZAÇÃO