Península Valdés oferece visita a berçário selvagem
Praias recebem grande número de baleias, pinguins e lobos-marinhos o ano todo
Passeios partem de Puerto Madryn, cidade de 104 mil habitantes que abriga museu de educação ambiental FOLHA,
A península Valdés, 1.330 quilômetros ao sul de Buenos Aires, é o grande berçário de vida selvagem do litoral argentino. Uma espécie de Galápagos do Atlântico Sul.
Declarada patrimônio mundial pela Unesco em 1999, a quase ilha plana e árida de 3.600 quilômetros quadrados justifica o status. É comum passar longas horas na estrada a partir da cidade de Puerto Madryn, cruzando pampas imensos com o horizonte infinito repleto de guanacos —mamíferos nativos da família das lhamas.
O objetivo é alcançar as praias e pontas de pedra onde lobos-marinhos e elefantes-marinhos formam numerosas colônias. Isso sem falar nas pombas-antárticas e nas dezenas de milhares de pinguins-de-magalhães.
Privilegiado praticamente o ano inteiro por fartura de vida, entre julho e novembro o destino se torna ainda mais especial. Não por suas águas verdes e translúcidas, mas pelas imensas baleias-francas-austrais que vêm dar à luz e se reproduzir nas áreas mais abrigadas do golfo Nuevo. Na época certa, o visitante avistará pelo menos uma gigante num passeio de barco.
Mesmo não sendo um parque nacional, é uma área de preservação privada em meio a cerca de 50 fazendas. Isso porque o governo argentino distribuiu vastas porções de terra a imigrantes do País de Gales no fim do século 19 a fim de colonizar o território.
O turismo é levado a sério na península Valdés, com um cuidado insistente por parte dos guias. Principal museu da região, o caprichado Ecocentro (ecocentro.org.ar) é o símbolo do importante papel de educação ambiental que a visita ao lugar representa.
O aeroporto de Trelew, capital do Estado de Chubut e 60 quilômetros ao sul de Puerto Madryn, é a entrada da região. A cidade portuária de 104 mil habitantes é um dos centros industriais da região patagônica, dedicado principalmente à produção e exportação de alumínio. ATRAÇÕES O turismo ultrapassou a atividade pesqueira e assumiu o posto de segundo pilar econômico da cidade. O bem arrumado centro de Trelew, com um calçadão à beira do porto, fica a 60 quilômetros da entrada da reserva.
Os tours para explorar a península são vendidos por várias agências do centro e custam por volta de 1.800 pesos (R$ 350) por dia. Leve em consideração que os trechos de carro podem passar de seis horas entre ida e volta.
Em um desses passeios, o turista percorre 160 quilômetros que separam o centro de Puerto Madryn e a Punta Norte. Entre março e abril, somente ali e em mais nenhum canto do mundo o viajante pode testemunhar um fenômeno raro. Um grupo de cerca de 30 orcas aprendeu a caçar filhotes de lobos-marinhos atirando-se e encalhando nas areias. A única contrapartida é ter muita paciência. VILA Outra opção para descobrir mais a fundo a área de proteção é abrir mão do conforto dos melhores hotéis de Puerto Madryn, como o Território (hotelterritorio.com.ar) e o península Valdés (hotelpeninsula.com.ar), e ficar em Puerto Pirámides. Com apenas 700 moradores e a 92 quilômetros de Madryn, a vila rústica tem poucos restaurantes. Mas é o ponto de saída dos tours para ver as baleias.
A partir dali é possível explorar as deslumbrantes áreas do golfo San José e de Punta Delgada com carro alugado, tornando o roteiro mais contemplativo.
Dois a cinco dias são o ideal para desbravar com calma a região, avistar baleias e observar os imensos elefantesmarinhos dominando seus haréns na Caleta Valdés. Além da Antártida e de ilhas oceânicas, esse é o único lugar da América do Sul onde é possível avistá-los. Ou então deslumbrar-se com flamingos, garças, gaivotas e biguás na Isla de los Pájaros.
Ensolarada e seca, a região também recebe ventos fortes, que fazem a sensação térmica despencar.
Mesmo no verão, com temperatura que vai de 14ºC a 29ºC, recomenda-se que os visitantes se vistam em camadas, sendo a externa com tecido corta-vento. Óculos de sol, protetor solar, luvas e gorro são itens obrigatórios.
As poucas chuvas caem entre abril e junho, pouco antes da chegada das baleias. A melhor época para vê-las é de setembro a novembro.
Para além dos passeios de carro entre pontos distantes, separe um tempo para praticar atividades físicas. Algumas agências oferecem roteiros em mountain-bike ou caminhadas por encostas. Se descobrir novos ângulos em terra não for suficiente, saiba que Puerto Madryn é a capital argentina do mergulho, e ali se pratica até snorkel em meio a lobos-marinhos.