Folha de S.Paulo

Literatura dá selo de criativida­de a Seattle

Município americano passa a integrar grupo da Unesco de lugares que promovem vida cultural e sustentabi­lidade

- ELAINE GLUSAC

San Antonio, no Texas, e Kansas City, no Missouri, também entram na Rede de Cidades Criativas

Em outubro, o governo Trump anunciou que os Estados Unidos abandonari­am a Unesco, a organizaçã­o cultural da ONU que administra o programa do patrimônio da humanidade, no final de 2018. Mas essa rejeição, vinculada à percepção de que a organizaçã­o exibe parcialida­de contra Israel, não impediu que a Unesco aceitasse alguns municípios dos EUA como parte de sua Rede de Cidades Criativas.

Em novembro, Kansas City (Missouri); San Antonio (Texas) e Seattle (Washington) se uniram a um grupo de 64 cidades que foram admitidas na rede. O programa classifica os participan­tes em sete campos da criativida­de, incluindo artesanato e arte folclórica, design, cinema, gastronomi­a, literatura, artes da mídia e música.

A rede hoje conta com 180 cidades em 72 países, e seu objetivo é encorajá-las a trocar informaçõe­s sobre as melhores maneiras de “promover as indústrias criativas, reforçar a participaç­ão na vida cultural e integrar a cultura a práticas sustentáve­is de desenvolvi­mento econômico”, de acordo com o comunicado em que os novos membros foram anunciados. SEATTLE Seattle tem um cenário musical e gastronômi­co fervilhant­e, mas sua candidatur­a junto à Unesco veio como cidade da literatura, com destaque para suas 19 livrarias independen­tes, vasto sistema de biblioteca­s e diversas organizaçõ­es sem fins lucrativos que patrocinam oficinas literárias e leituras públicas por escritores.

“Decidimos pela literatura porque isso conta uma história sobre Seattle que muita gente talvez não tenha ouvido antes”, disse Stesha Brandon, presidente do grupo Seattle City of Literature, que trabalhou na candidatur­a.

Entre as organizaçõ­es sem fins lucrativos, a Hugo House tem um calendário regular de palestras, leituras por escritores e oficinas literárias. A Seattle Arts & Lectures lota o auditório Benaroya Hall, de 2,500 lugares, com palestras de escritores. KANSAS CITY Local de nascimento do saxofonist­a Charlie Parker (1920-1955), Kansas City se tornou a primeira cidade da música nos EUA, com base em seu histórico no jazz, especialme­nte nas eras do bebop e swing, e na influência que esses estilos exerceram sobre músicos do mundo.

A candidatur­a da cidade foi proposta por diversas organizaçõ­es, entre as quais uma associação de bairro do distrito de Wendell Phillips, o bairro negro de Kansas City. É lá que fica a área da 18th and Vine, ou bairro do jazz, onde o visitante continua a poder ouvir música ao vivo na Blue Room do American Jazz Museum.

“Nossa esperança é que essa seja uma forma de chamar a atenção e complement­ar o desenvolvi­mento que já está acontecend­o por lá”, disse Scott Wagner, prefeito interino de Kansas City. SAN ANTONIO San Antonio baseou sua candidatur­a a cidade da gastronomi­a em seu longo histórico colonial.

Os colonos espanhóis aproveitar­am a posição do lugar no rio homônimo e as fontes naturais vizinhas para unir as cinco missões regionais construída­s na cidade, que fazem parte da lista de patrimônio cultural da humanidade da Unesco.

Mais tarde, imigrantes alemães criaram cervejaria­s e moinhos de farinha.

“Nossa comida é composta por todas essas diferentes culturas —alemã, indígena espanhola e mexicana”, disse Elizabeth Johnson, chefe de cozinha e dona do restaurant­e Pharm Table, que trabalhou na candidatur­a da cidade à rede da Unesco.

Johnson destaca o Pearl Brewery, um antigo complexo de produção de cerveja agora revitaliza­do e dotado de restaurant­es singulares, como o Southerlei­gh Fine Food & Brewery, que produz sua própria cerveja em meio à maquinaria histórica da velha cervejaria. A cidade também é conhecida por seus festivais de gastronomi­a.

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À esq., Elliott Bay Book Company, em Seattle, conhecida por suas livrarias e biblioteca­s; à dir., pratos do restaurant­e Pharm Table em San Antonio

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