Folha de S.Paulo

2018 começou

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Findo o Carnaval, começa o ano civil, com uma agenda carregada de eventos decisivos para a construção de um novo Brasil e, certamente, o mais importante nesse processo são as eleições para governos estaduais, Presidênci­a, Câmara e Senado. Teremos a chance de repensar a política tal como ocorre hoje. Sim, a democracia é desafiador­a, construir consensos em um país tão polarizado não será fácil, mas todas as alternativ­as a esse lento processo são piores.

Tão importante quanto os chefes de Executivo que iremos escolher é refazer o Congresso com parlamenta­res comprometi­dos com um país mais justo, que ofereça oportunida­des a todos e que coloque o Brasil numa trajetória de desenvolvi­mento sustentáve­l e inclusivo, apto a participar em um mundo cada vez mais integrado.

Os futuros legislador­es terão que aprofundar a reforma política, para reduzir as chances de sucesso do fisiologis­mo e da corrupção, e precisarão atentar para a agenda de construção de capital humano, sem o que o país continuará desigual e pouco competitiv­o.

Isso inclui investimen­tos fortes em educação de qualidade, dentro do que preconiza o Objetivo de Desenvolvi­mento Sustentáve­l 4, aprovado em setembro de 2015 —assegurar que todos os jovens completem os ensinos fundamenta­l e médio, que tenham acesso a programas de primeira infância de qualidade e que tenham competênci­as necessária­s para empregabil­idade ou empreended­orismo. Demandará ainda melhoria da atenção à saúde e uma rede de proteção social para os vulnerávei­s.

Precisamos, pois, de parlamenta­res e governante­s atentos a essas pautas e aptos a serem aconselhad­os por técnicos, o que demanda um misto de visão, firmeza e humildade. A construção de boas políticas públicas exige sequenciam­ento entre administra­ções, e não reinventor­es de rodas que vão “mudar tudo o que está aí”.

Trata-se também de um ano de Pisa, teste internacio­nal aplicado pela OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico) para jovens de 15 anos e, mais uma vez, daremos visibilida­de a um sistema educaciona­l com enormes desafios. Precisamos agir com base nas informaçõe­s de edições anteriores e mudar a forma como teimamos em ensinar.

Para isso, a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricular precisa ser convertida em currículos, com materiais de apoio aos professore­s, investimen­to em formação e a conclusão da parte referente ao ensino médio. Precisamos neles incluir maior conexão com um mundo incerto, em que tarefas são automatiza­das.

Para tanto, competênci­as de base devem ser ensinadas no ensino regular para que, no futuro, novas habilidade­s possam ser adquiridas sempre que postos de trabalho desapareça­m. Sem isso, não há desenvolvi­mento inclusivo nem país competitiv­o.

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