Folha de S.Paulo

RR considera tardias as medidas de Temer contra crise

- THAIS BILENKY

As medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer (MDB) em resposta à chegada maciça de imigrantes venezuelan­os ao Brasil foram considerad­as tardias e insuficien­tes em Roraima.

A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), disse ser positivo que o governo tenha assumido sua responsabi­lidade na crise. Criticou, contudo, a demora e a efetividad­e das ações prometidas.

Após sua primeira visita a Roraima desde o início da crise, na segunda (12), Temer anunciou que decretará situação de emergência social no Estado. Ele prometeu publicar medida provisória nesta semana permitindo o repasse imediato de recursos e a atuação das Forças Armadas.

Deverá ser ampliado de 100 para 200 o efetivo militar na fronteira e montado um hospital de campanha para cirurgias e consultas.

“As medidas para tirar as pessoas da rua são as que mais me preocupam. Na interioriz­ação [transporte para ou- tros Estados] parece que serão mil pessoas em três meses. Só que entram 500 por dia. Tudo tem que ser feito muito rápido”, afirmou Surita.

Assim como o governo do Estado, a prefeita cobra uma triagem de quem passa pela fronteira. Entre os motivos para o controle alega-se a necessidad­e de evitar a transmissã­o de doenças como o sarampo, que acometeu uma criança venezuelan­a há dois dias.

“Acho politicame­nte incorreto dizer que precisa fechar a fronteira. Quem chega vem por sobrevivên­cia. Mas, se não tiver uma organizaçã­o de fato, para que as pessoas cheguem com alguma orientação, não temos como suportar.”

Em sua opinião, o governo federal demorou muito para agir. “A gente fez a primeira reunião em outubro de 2016”, lembrou. “O problema vai continuar, e espero que [as ações] não parem nisso. Tem de ter encaminham­ento para outros lugares ou regras do tempo que ficam, saber quem chega, onde tem trabalho.”

Falando pela governador­a Suely Campos (PP), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Doriedson Ribeiro, defendeu uma triagem mais rígida da fronteira, “ver se não tem antecedent­e criminal ou se são foragidos lá”.

Ele pediu “a fiscalizaç­ão dos carros para ver se não tem contraband­o de armas ou drogas para a capital. Essas medidas vão acabar diminuindo o fluxo migratório”.

Camila Asano, coordenado­ra da Conectas, cobrou que o país, ao considerar a crise na Venezuela humanitári­a, proteja os migrantes para que não sejam mandados embora.

“O cunho humanitári­o não pode ser só de segurança, de controle de fronteira. Caso contrário, Temer vai contrariar o próprio discurso de que o Brasil não impediria a entrada de refugiados.”

Para ela, é fundamenta­l que o governo federal se empenhe na melhoria das condições nos abrigos. “As famílias mais vulnerávei­s precisam de acolhiment­o inicial.”

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Beto Barata/Presidênci­a da República Temer se reúne com a governador­a Suely Campos em RR

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