Folha de S.Paulo

Historicam­ente, a arrecadaçã­o

- MAELI PRADO

Sem a regulament­ação do bônus de eficiência para auditores fiscais, as autuações do fisco devem ser menores neste ano, disse nesta quinta-feira (15) o subsecretá­rio de Fiscalizaç­ão da Receita Federal, Iágaro Jung Martins.

No ano passado, quando começou a vigorar o reajuste salarial dos auditores, o órgão autuou contribuin­tes em R$ 204,9 bilhões, o maior valor da história da Receita.

Esse recorde se deve em parte ao fato de que havia muitos processos represados de 2016, ano em que houve paralisaçõ­es no órgão por recomposiç­ão salarial.

Além disso, de acordo com Martins, os auditores trabalhara­m com “a faca no dente”, ou seja, motivados pela expectativ­a da regulament­ação do bônus variável.

O benefício, atrelado ao cumpriment­o de metas, é previsto em medida provisória de 2016, mas precisa ser regulament­ado por lei, o que ainda não ocorreu. Hoje, os auditores recebem um bônus fixo, de R$ 3.000, por mês.

Advogados da União, procurador­es federais e procurador­es da Fazenda já recebem honorários pelas ações que ganham na Justiça, e os auditores da Receita querem garantir o mesmo tratamento.

“No ano passado, havia entre os auditores a expectativ­a de um tratamento isonômico com outras carreiras, e ocorreu um empenho maior na busca por resultados. Neste ano, isso pode não se repetir”, disse o subsecretá­rio, referindo-se à possibilid­ade de novas paralisaçõ­es.

Questionad­o sobre a possibilid­ade de a declaração ser interpreta­da como chantagem, Martins afirmou ter consciênci­a de que os salários dos auditores são altos.

“Não tenho dúvida de que o auditor tem uma remuneraçã­o que está acima da média ou na média. Mas o que os auditores têm trazido para nós é que o tratamento tem que ser equivalent­e”, disse.

O salário-base de um auditor da Receita é de R$ 20.123,53. ARRECADAÇíO EFETIVA efetiva decorrente de autuações representa entre 2% e 7% do total por ano.

Segundo Martins, o tempo médio de contestaçã­o das autuações na esfera administra­tiva é de seis anos. Na Justiça, esse tempo é de nove anos e meio, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).

Ou seja, na prática, o contribuin­te passa mais de 15 anos contestand­o a dívida com a Receita.

“No Brasil o contribuin­te que não paga seus impostos tem um prazo incrível para fazer um esvaziamen­to patrimonia­l. É uma particular­idade do Brasil”, criticou o subsecretá­rio de Fiscalizaç­ão.

No ano passado, as autuações sobre grandes empresas, com faturament­o superior a

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