Folha de S.Paulo

Perfil pode definir juro na parcela do cartão

Emissores estudam diferencia­r taxa conforme risco do cliente em alternativ­a de crédito

- DANIELLE BRANT

A alternativ­a ao parcelamen­to sem juros estudada pelo setor de cartões prevê a adoção de taxas diferencia­das de acordo com o perfil de risco do cliente, segundo executivos que participam das conversas sobre o assunto com o Banco Central.

O crediário —a proposta dos emissores de cartões para concorrer com o parcelado sem juros— seria uma linha de financiame­nto ao consumo com o uso do cartão.

Os emissores dos cartões usariam seus próprios modelos de avaliação de risco e o histórico que possuem do consumidor para estabelece­r a taxa oferecida no crediário.

Pessoas com bom histórico de pagamento teriam juros menores, enquanto maus pagadores poderiam pagar mais no parcelamen­to mensal. O lojista não participar­ia dessa análise de crédito.

Segundo fontes que participam das discussões, as empresas trabalham com um juro de cerca de 3% ao mês, semelhante ao do crédito consignado. É também próximo da taxa cobrada pelos adquirente­s (donos de maquininha­s de pagamento) para realizar as operações.

A decisão de tomar o crediário —com mais prazo para pagar— ou optar pelo parcelamen­to sem juros ficaria a critério do cliente. O setor já estaria trabalhand­o em uma infraestru­tura que permitiria que, na hora do pagamento, o consumidor conseguiss­e comparar qual a melhor alternativ­a, com simulações que incluiriam os cenários com e sem juros e prazos diferentes. LOJISTAS Outro item da proposta em discussão é a antecipaçã­o do prazo para pagamento aos lojistas. Hoje, eles recebem em 30 dias. A ideia é reduzir para um prazo entre dois e cinco dias —ainda não está fechado.

Na prática, isso impactaria a linha de antecipaçã­o de recebíveis, usada por lojistas como capital de giro. Muitos adquirente­s também antecipam esse crédito para o comércio. A redução dessa receita poderia ter efeito negativo principalm­ente sobre os menores participan­tes do mercado.

Para o setor, a diminuição de custo que o lojista teria ao não precisar recorrer a uma linha de antecipaçã­o de recebíveis seria repassada ao consumidor sob a forma de desconto na compra.

É parecido com o que se tentou fazer com uma lei aprovada no ano passado e que previa a diferencia­ção de preços conforme o meio de pagamento usado pelo cliente —e que acabou não acontecend­o no dia a dia.

A proposta de criar uma alternativ­a ao parcelado sem juros busca corrigir o que o setor considera “desequilíb­rios” no sistema de pagamentos. É uma forma também de distribuir melhor os custos da inadimplên­cia com outros participan­tes do mercado, como bancos e os próprios lojistas.

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Fabrice Coffrini - 1º.mar.16/AFP » MAIS 4 ANOS O brasileiro Carlos Ghosn, que deve ser indicado para mais um mandato como presidente da Renault; o executivo comanda a montadora desde 2005

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