Folha de S.Paulo

Após apagão, Doria propõe entrega de semáforos de SP ao setor privado

Prefeitura vai receber propostas de empresas interessad­as na troca e manutenção dos equipament­os

- FABRÍCIO LOBEL

São Paulo tem quase 6.400 cruzamento­s com semáforos, sendo somente 600 deles controlado­s a distância

Após conviver com um longo apagão nos semáforos no início ano passado em São Paulo, a gestão João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta (15) que pretende fazer uma PPP para trocar este tipo de sinalizaçã­o em toda a cidade.

A prefeitura abriu oficialmen­te o prazo de 45 dias (até o início de abril) para que a iniciativa privada envie projetos que possibilit­em ao mesmo tempo a troca de todo o sistema semafórico e sua manutenção e, em compensaçã­o, sua exploração comercial.

Essas informaçõe­s poderão ser usadas para a elaboração de um futuro contrato de PPP.

A cidade de São Paulo tem quase 6.400 cruzamento­s com semáforos. Destes, apenas 1.200 podem ser monitorado­s remotament­e e 600 podem ser controlado­sdelonge.Partedesse­s semáforos está ligada por fios e dutos que chegam a 500 km, que poderiam ser explorados pela iniciativa privada.

Segundo o secretário Sergio Avelleda (Transporte), o objetivo é solucionar o antigo problema da cidade. “Semáforos, além de colaborar com a fluidez, são determinan­tes para a segurança viária”. MODERNIZAÇ­ÃO A ideia, segundo o secretário, é adotar mais pontos com semáforos inteligent­es. Isso significa que cada vez mais semáforos sejam capazes de automatica­mente perceber o fluxo de veículos nas ruas e avenidas e se programar para organizar melhor o trânsito.

Outro avanço que a prefeitura espera é a ampliação do sistema de semáforos sincro- nizados, ou seja, conectados entre si e que permitam que veículos em um mesmo eixo trafeguem sem parar no semáforo a cada esquina.

Ônibus também deverão se comunicar com os semáforos, para dar prioridade ao transporte público, defendeu o secretário Avelleda.

A gestão disse querer ainda mais semáforos com acessibili­dade e para ciclistas.

O secretário de desestatiz­ação, Wilson Poit, disse ainda que espera que a população possa também dar nota ao desempenho do sistema e que esse indicador possa ser usado para avaliar a empresa que obtiver o contrato da PPP. A estimativa inicial da gestão Doria é da necessidad­e de investimen­to de cerca de R$ 1 bilhão. Por isso, a prefeitura diz acreditar que o modelo de PPP é o mais acertado, já que a empresa que quisesse assumir esse serviço teria que aportar inicialmen­te muito dinheiro e lucraria apenas ao longo prazo.

Parte desse lucro viria da prefeitura e outra parte por rendas assessória­s ainda a serem definidas. Esse equilíbrio e as obrigações da iniciativa privada serão definidas após a avaliação das contribuiç­ões. APAGÃO Durante a apresentaç­ão da PPP, o secretário defendeu que a modernizaç­ão da rede semafórica já era pensada pela gestão Doria desde o momento da transição com a gestão anterior, de Fernando Haddad (PT). Doria foi cobrado em seus primeiros meses como prefeito pelo apagão dos semáforos da cidade.

A gestão assumiu a prefeitura sem um contrato válido de manutenção. Durante os três primeiros meses do ano, improvisou a manutenção com garantias estendidas das empresas do antigo contrato.

Depois, tentou uma nova licitação, mas o contrato ficou suspenso no Tribunal de Contas. Depois de liberada, a licitação foi questionad­a na Justiça que, em primeira instância, reconheceu indícios de ilicitudes e direcionam­ento.

As empresas que ganharam a licitação atual são as mesmas que já prestavam o serviço na gestão anterior e haviam feito doações à gestão Doria no início do ano.

 ?? Henrique Barreto - 10.jan.2018/Futura Press/Folhapress ?? Semáforo apagado na avenida Ipiranga, no centro de SP; cidade viveu apagão de equipament­os no 1º semestre de 2017
Henrique Barreto - 10.jan.2018/Futura Press/Folhapress Semáforo apagado na avenida Ipiranga, no centro de SP; cidade viveu apagão de equipament­os no 1º semestre de 2017

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