Olimpíada de Pyeongchang sofre com ausência de público
Organizadores enchem as arenas com estudantes e voluntários
Nos últimos dias, Sung Baik-yoo, o porta-voz do comitê organizador da Olimpíada de Inverno de 2018, vem concedendo entrevistas sobre a venda de ingressos para os Jogos. As notícias se tornam um pouco mais positivas a cada dia que passa.
Na quinta (15), Sung disse que os organizadores estão a 1% da meta de vender 90% dos ingressos para os Jogos, o que equivale a cerca de um milhão de entradas. Mas nos locais de competição em Pyeongchang a história parece muito diferente.
Fileiras e mais fileiras de assentos azuis vazios vêm sendo um pano de fundo em muitas das disputas, apesar dos esforços dos organizadores para ocupá-los com ingressos doados aos voluntários. Eles também estão trazendo grandes grupos de estudantes para ver as provas.
Até agora, os torcedores que chegam em cima da hora para as provas, excetuados os esportes mais populares, não encontram dificuldades para comprar ingressos.
Aksel Lund Svindal, o norueguês que ganhou ouro no esqui downhill, descreveu como “meio estranha” a sensação de concluir a descida diante da arquibancada vazia.
O público ruim pode ser atribuído em parte ao fato de que a Coreia do Sul não tem cultura de esportes alpinos.
Em Jogos realizados em outros países, torcedores lotaram locais de provas para ver esportes que não conheciam, apenas para participar da experiência olímpica.
“Se essa prova fosse na Itália, Áustria, Noruega ou Suécia, haveria 50 mil pessoas assistindo”, disse Svindal.
Organizadores da Rio-2016 e de Sochi-2014 também tiveram de se explicar quando imagens dos locais de competição vazios chegaram aos televisores de todo o mundo.
Nos dois casos, a culpa pela baixa ocupação foi atribuída aos ingressos reservados para atletas e patrocinadores. Organizadores sul-coreanos deram a mesma desculpa.
A tensão política entre a Coreia do Norte e os EUA também não ajudou as vendas. A fronteira entre as duas Coreias fica a cerca de 65 quilômetros do local dos Jogos.
Problemas com bilhetes e transportes ainda fizeram torcedores chegarem nas arenas com provas já começadas.
Alguns estrangeiros que não encontraram alternativas de transporte estão repensando se assistirão às provas da noite. Os organizadores têm ônibus operando até locais centrais, mas depois o público tem que se virar sozinho.
Houve, no entanto, quem elogiasse o relativo silêncio. A biatleta alemã Laura Dahlheimer disse que precisa se concentrar ao disparar com seu rifle contra o alvo.
“Isso é melhor do que fazêlo quando 50 mil pessoas estão gritando”, declarou. PAULO MIGLIACCI