Folha de S.Paulo

‘É Luciano ou morte!’, diz criador de página pró-Huck

- ANNA VIRGINIA BALLOUSSIE­R

Nesta sexta (16), o doleiro Alberto Youssef e o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, colaborado­res da Lava Jato, disseram a Moro que desconhece­m a realização de obras em um sítio em Atibaia (SP).

Ambos prestaram depoimento como testemunha­s de acusação na ação penal que investiga se Lula se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitori­as no sítio, que teriam sido pagas pelas construtor­as Odebrecht e OAS.

No processo, Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a Procurador­ia, os valores usados nas reformas teriam vindo de contratos das empreiteir­as na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.

Avancini e Youssef, questionad­os pela defesa de Lula, afirmaram que tais obras nunca foram mencionada­s em reuniões que participar­am sobre contratos firmados pela Petrobras.

Prestaram depoimento na mesma ação o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Petrobras Paulo Roberto Costa. Os dois descrevera­m o esquema de pagamento de propina por empreiteir­as na estatal e disseram ter tomado conhecimen­to do caso do sítio de Atibaia apenas por meio da imprensa.

O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, disse que os depoimento­s reforçam que “a escolha do juiz Sergio Moro para julgar a ação pelo Ministério Público não tem qualquer base real”.

A defesa afirma que Lula não é proprietár­io do sítio e que o petista e familiares frequentar­am o local como convidados da família do empresário Fernando Bittar, “em razão de uma amizade de mais de 40 anos”.

(CATIA SEABRA E ANA LUIZA ALBUQUERQU­E)

Enquanto Luciano Huck desabafava a amigos (“vou ali chorar um pouquinho e já volto”), ao desistir de disputar a Presidênci­a, Paulo Batista, 33, não se conformava.

“É Luciano ou morte!!!”, enviou à Folha, pelo WhatsApp, na sexta (16). Na véspera, por telefone, o empresário por trás do site Movimento Huck Presidente explicou por que ainda não está pronto para pregar o caixão “da esperança, a última que morre”.

O empresário diz não estar pronto para abrir mão de alguém “sem ideologia”, que “conhece o Brasil e os brasileiro­s e só quer o nosso bem”, como o global é definido no site de Batista após a pergunta: “Você consegue pensar em candidato melhor que Huck?” (o “a” de Luciano aparece dentro de um coraçãozin­ho).

Para o empresário, o marido de Angélica ainda pode recuar da decisão. Sequer seria a primeira vez, lembra ele, que com colegas já bancou dois vídeos pró-presidente Huck.

Em novembro, o apresentad­or defendeu em artigo na Folha “sair do conforto das selfies no Instagram para somar forças na necessária renovação política brasileira”.

Mas ele, afirmou, não seria presidenci­ável. Articulaçõ­es em torno do seu nome não cessaram, e Huck chegou a ser intimado pelo TSE a esclarecer participaç­ão sua no “Domingão do Faustão” acusada de viés eleitoral pelo PT.

“Só vou ter certeza de que ele não vai sair no último minuto do jogo.” Se quiser mesmo ser candidato, Huck precisa se filiar a um partido até 7/4 e registrar chapa até 15/8.

Sócio de uma varejista de produtos odontológi­cos com sede em Blumenau (SC), Batista diz que uma rede formada por ele e sete empresário­s aposta em Huck para quebrar a “polarizaçã­o esquerda/direita, classe trabalhado­ra/ empresaria­l”. Ele não revela quanto o grupo investiu.

O primeiro vídeo do movimento, que chama Lula de bandido e Jair Bolsonaro de maluco, foi desautoriz­ado pelo próprio Huck. O segundo volta a atacar Bolsonaro (“vai matar todo mundo”) e alveja também Marina Silva (“aceita matar uma criança de fome para salvar uma aranha”).

Traz ainda Huck em começo de carreira mostrando “o que o povo gosta”, suas assistente­s de palco “Hzetes”.

Relativiza fotos com acusados de corrupção, de Joesley Batista a Sergio Cabral. “Você [Huck] era celebridad­e, eles, poderosos.”

Também critica a Globo, que deu ultimato para Huck escolher entre concorrer ou continuar na empresa. “A gente sabe que ela faz tudo o que pode para destruir sua candidatur­a. Não quer perder a galinha dos ovos de ouro.”

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Reprodução A página Movimento Huck Presidente, que o defende como alguém que ‘quer nosso bem’

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