Folha de S.Paulo

Criação de ministério para segurança é ‘mal menor’ nas contas

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DE SÃO PAULO

Para um presidente que assumiu o governo tendo a redução da máquina pública e o controle de gastos entre as suas principais bandeiras, a ideia de criar um Ministério da Segurança Nacional —ao lado de outras medidas, como o aumento dado ao funcionali­smo público e a elevação do número de cargos em comissão— não é bem recebida por analistas, mas é um “mal menor”.

“Um ministério a mais ou a menos não muda o quadro geral do forte desequilíb­rio fiscal brasileiro”, diz Affonso Celso Pastore, da AC Pastore & Associados.

Para o economista Raul Velloso, especialis­ta em contas públicas, se a urgência da questão da segurança no Rio de Janeiro for tal como se apregoa, aumentar o gasto será “o menor dos problemas”.

Na sexta (16), o governo anunciou intervençã­o como forma de combater a violência no Estado e divulgou a intenção de criar o ministério.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, a criação de um novo ministério em um contexto de necessidad­e de corte de gastos é ruim.

“Se ficar só nisso, ok. Que não venham medidas de caráter populista com interesse eleitoral”, diz Vale.

Leonardo Ribeiro, analista do Senado e especialis­ta em contas públicas, lembra que, além de um eventual novo ministério, os gastos para manutenção do Exército durante a intervençã­o também oneram o Orçamento. (FL)

A reforma da Previdênci­a era a principal meta legislativ­a do governo federal, e o seu fracasso é mais uma evidência do estado de decomposiç­ão da atual gestão.

Atinge com força o Planalto, que, apesar de afirmar que fez todo o esforço para aprovar o tema, corre o risco de passar os próximos dez meses em busca de evitar o fim antecipado, na prática, de sua gestão.

Afeta ainda, em intensidad­e variada, quem disputa a candidatur­a de centro à sucessão do emedebista.

Esses políticos são ou foram alinhados a Temer e disputam, sobretudo, o tempo de propaganda eleitoral que o MDB e outras siglas palacianas proporcion­arão na campanha, mecanismo essencial para que tenham uma mínima chance de decolar na reta final.

Rodrigo Maia (DEM), Henrique Meirelles (PSD) e Geraldo Alckmin (PSDB), todos eles, defendem publicamen­te a reforma.

O presidente da Câmara não vai aceitar pacificame­nte o discurso de que a culpa é do Congresso. Tem dito e deve reforçar o argumento de que, se há um culpado, é a falta de força política do governo.

No caso de Alckmin, apesar do apoio à reforma, o PSDB está, desde o ano passado, fora da gestão.

O maior afetado deve ser Meirelles, que conduz a economia e vê a já combalida pretensão de concorrer ao Planalto mais esvaziada.

A construção de uma candidatur­a à Presidênci­a pressupõe força política. Abaixo de Temer, que tem chances quase nulas de conseguir se reeleger, Meirelles é o nome responsáve­l pela reforma. O mundo político costuma cobrar caro esses fiascos.

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Eraldo Peres/Associated Press Luiz Fernando Pezão e Raul Jungmann durante anúncio de intervençã­o no Rio

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