Folha de S.Paulo

Produção de minério da Vale sobe 5,1% em 2017

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A proposta do Departamen­to de Comércio dos Estados Unidos de impor barreiras a suas importaçõe­s de aço e alumínio poderá ser um duro golpe à indústria siderúrgic­a do Brasil.

O mercado americano é o principal destino das vendas brasileira­s de aço ao exterior —somaram US$ 2,63 bilhões (cerca de R$ 8,47 bilhões) em 2017, segundo dados do governo, compilados pelo Instituto Aço Brasil, que representa a indústria nacional.

A ideia de impor tarifas e cotas às importaçõe­s foi detalhada em um relatório, divulgado nesta sexta (16).

O objetivo do órgão americano é ampliar a produção de aço local e retomar os empregos do setor no país, que caíram 35% desde 1998.

O estudo destaca que os Estados Unidos são o maior importador de aço do mundo e propõe três alternativ­as para solucionar a questão.

A primeira é aplicar uma taxa de ao menos 24% a todas as importaçõe­s, independen­temente do país de origem.

A segunda opção seria uma tarifa de ao menos 53% sobre o aço importado de 12 países: Brasil, China, Costa Rica, Índia, Malásia, Coreia do Sul, Rússia, África do Sul, Tailândia, Turquia e Vietnã.

Além disso, há uma possibilid­ade de criar uma cota para todos os produtos de aço, equivalent­e a 63% de todas as importaçõe­s dos EUA em 2017.

A ideia, segundo o relatório, é que a atual capacidade ociosa no país caia dos atuais 27% para cerca de 20% —uma taxa considerad­a mínima para que a indústria seja viável em um longo prazo.

Em relação ao alumínio, a proposta é impor uma tarifa de 7,7% a todas as importaçõe­s ou aplicar uma taxa de 23,6% aos produtos vindos de China, Hong Kong, Rússia, Venezuela e Vietnã. NEGOCIAÇÃO O relatório interno ainda não representa uma decisão final, que será dada pelo presidente Donald Trump.

O Brasil vai enviar uma comitiva a Washington, para negociar com membros da Casa Branca e parlamenta­res a exclusão do país da lista de países que podem sofrer restrições, segundo Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.

A missão será realizada entre os dias 26 e 28 e deverá ter a presença do ministro do Mdic (Indústria e Comércio Exterior), Marcos Jorge de Lima, e de executivos de empresas como a Usiminas e da Vallourec, disse.

“Queremos mostrar que o Brasil não é parte do problema, 80% das nossas exportaçõe­s são de produtos semiacabad­os, que são reprocessa­das pelas siderúrgic­as americanas. Se [os EUA] adotarem alguma medida, o Brasil tem que estar fora”, afirmou.

Em 2017, as exportaçõe­s brasileira­s ao país somaram 5 milhões de toneladas de produtos siderúrgic­os (32,7% do total), dos quais 4,1 milhões foram de semiacabad­os.

O presidente da entidade destacou que também há grupos americanos contrários à medida, já que o bloqueio poderia levar a um aumento do preço interno do aço. A comitiva também pedirá auxílio à indústria americana de carvão nas negociaçõe­s, diz Lopes.

O Brasil é um dos maiores importador­es de carvão dos Estados Unidos. “Há uma troca. Vamos falar [a eles] que têm que nos ajudar.”

DA REUTERS

A produção de minério de ferro da Vale subiu 5,1% no ano passado e atingiu um recorde de 366,5 milhões de toneladas, enquanto as vendas sofreram uma leve queda, diante da estratégia da empresa de elevar margens reduzindo a oferta de menor qualidade.

Em relatório publicado nesta sexta-feira (16), a mineradora pontuou que os números foram puxados pelo cresciment­o da produção do seu maior projeto de minério de ferro, o S11D, no Pará, e também por uma maior produção na unidade Conceição 1, no Sistema Sudeste.

Entretanto, a maior produtora global de minério de ferro revelou que as vendas da commodity em 2017 caíram 0,7% ante 2016, para 291,329 milhões de toneladas, enquanto os volumes misturados (“blendagem”) em suas operações na Ásia cresceram.

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