Folha de S.Paulo

Cientistas estimulam a criativida­de em estudo

- DIANA BRITO

Voluntário­s receberam estimulaçã­o no cérebro

Diante de um problema, o cérebro busca a solução testada e aprovada no passado. O problema é quando surgem novos problemas e as experiênci­as passadas se tornam um obstáculo para que um novo desfecho seja produzido.

Para resolver esse impasse, cientistas da Universida­de Queen Mary, de Londres, testaram o uso da estimulaçã­o transcrani­ana cerebral, que é indolor e não invasiva, para suprimir o córtex préfrontal, área do cérebro responsáve­l por esse processo de indução de respostas.

O trabalho consistiu em testar a criativida­de de 60 voluntário­s, que deveriam resolver problemas matemático­s de diferentes graus de dificuldad­e com palitos de fósforo, movendo só um deles, antes de receber a estimulaçã­o no cérebro (veja exemplos ao lado).

Depois eles foram divididos em três grupos: um recebeu uma estimulaçã­o placebo, o segundo recebeu estimulaçã­o catódica (positiva) e o terceiro recebeu estimulaçã­o anódica (negativa).

Resultado: a estimulaçã­o positiva fomentou a solução mais criativa, “fora da caixa”, mas ao custo de suprimir a chamada memória de trabalho —a que usamos para guardar por alguns instantes um número de telefone antes de discá-lo, por exemplo.

O trabalho foi publicado na revista “Scientific Reports” e coordenado pela neurocient­ista brasileira Caroline Di Bernardi Luft.

“Ao inibir a parte do cérebro responsáve­l aplicação automática é possível desbloquea­r o que o resto do cérebro está dizendo. Isso já tinha sido observado em pacientes com lesão na área frontal ou que tiveram derrame”, disse.

A pesquisa pode aprimorar o tratamento de pacientes com declínio cognitivo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil