Folha de S.Paulo

A especialis­ta afirmou que já se sabia, ainda na década de 1990, que opioides eram

- PHILLIPPE WATANABE JULIO ABRAMCZYK

A indústria farmacêuti­ca e os médicos foram mais uma vez responsabi­lizados pela crise dos opioides nos EUA. Dessa vez, a bronca foi dada por Nora Volkow, dos NIH (Institutos Nacionais de de Saúde dos EUA). Há, contudo, alguns caminhos para resolver o problema, avalia a pesquisado­ra.

Segundo Volkow, diretora do Nida, braço dos NIH que trata do abuso de drogas, a indústria não investe o suficiente em novas drogas para combater a dor.

Ela diz que há mais interesse em novidades para o câncer e o diabetes, por exemplo.

“Talvez a indústria farmacêuti­ca esteja ganhando bilhões de dólares vendendo opioides”, afirmou, nesta sexta (16), durante o encontro anual da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), em Austin, Texas.

A especialis­ta reconhece que há gargalos regulatóri­os que dificultam a aprovação de remédios para dor, mas diz que os NIH estão buscando formas de incentivar o desenvolvi­mento de drogas mais seguras e eficazes.

Entre as possibilid­ades estão medicament­os à base de maconha, novas medicações à base de opioides mas sem potencial viciante, remédios biológicos e até mesmo tratamento­s não farmacológ­icos como estimulaçã­o neural e meditação —possíveis futuros campões de audiência, opina.

Outra frente de ação é iden- tificar quem é mais suscetível ao vício.

Mas não parece haver solução fácil para o complexo problema da crise dos opioides, que já mata mais gente por overdose do que o registrado em acidentes de carro, Aids ou violência por armas nos Estados Unidos.

Um dos alentos é que já há vacinas contra o vício sendo testadas e com resultados promissore­s em animais.

Na opinião de Volkow, um trabalho em conjunto dos sistemas judiciário e de saúde seria o ideal. Nessa linha de raciocínio, já foi mostrado que o tratamento da dependênci­a em presidiári­os pode trazer benefícios.

No Reino Unido, iniciativa­s do tipo reduziram em 75% a mortalidad­e por overdose dos presos libertados e, no estado americano de Rhode Island, em 60%. HISTÓRICO

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Brian Snyder/Reuters Paciente é levado por socorrista­s após overdose de opioide

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