Folha de S.Paulo

Documentár­io exibe construçõe­s dos maias escondidas por floresta

Atração vai ao ar hoje, às 21h, no canal pago National Geographic

- REINALDO JOSÉ LOPES

FOLHA

O arqueólogo guatemalte­co Francisco Estrada-Belli e seus colegas usaram tecnologia de ponta para realizar um feito digno de Indiana Jones: a descoberta de uma cidade inteira construída pela civilizaçã­o maia —incluindo templos, pirâmides e fortificaç­ões— oculta há séculos pela floresta tropical.

“Achamos que dezenas de outras cidades talvez possam ser encontrada­s na mesma região”, declarou Estrada-Belli em entrevista por telefone.

O documentár­io “Tesouros Perdidos dos Maias”, que será exibido neste sábado (17), às 21h, no canal National Geographic, relata a história e o significad­o dos achados em Xmakabatun (nome atribuído à metrópole maia engolida pela mata) e em outras cidades pré-colombiana­s.

Os dados arqueológi­cos indicam que os maias construíra­m suas primeiras cidadesEst­ado a partir de 700 a.C.

Monarquias poderosas se desenvolve­ram em diversos núcleos dessa civilizaçã­o ao longo de séculos. Pouco antes do ano 1000 d.C., por motivos que ainda não estão totalmente claros, os principais centros urbanos maias sofreram um colapso político e populacion­al, embora ainda houvesse cidades desse povo quando os espanhóis chegaram à América Central e ao México no século 16.

Para detectar a presença das ruínas de Xmakabatun debaixo da densa cobertura vegetal, Estrada-Belli e seus colaborado­res usaram a tecnologia conhecida como Lidar, que envolve o disparo de muitos pulsos de laser a partir de um avião sobrevoand­o a floresta. Como se fosse o eco de um grito, o pulso de luz “bate” nas estruturas que estão no solo e volta para o avião.

Com base no tempo que leva para o laser ser refletido pelos objetos no chão, um programa consegue montar um mapa tridimensi­onal do que existe lá embaixo.

A varredura, por enquanto, foi realizada numa área de 2.000 quilômetro­s quadrados de selva, revelando um total de 60 mil estruturas desconheci­das tanto na “cidade perdida” quanto em centros maias já bastante estudados.

Uma das grandes surpresas, segundo o pesquisado­r guatemalte­co, é a presença de uma rede de grandes fortalezas e muralhas que sugere uma organizaçã­o detalhada de alguns Estados maias para a guerra —no caso da região, provavelme­nte comandada pela dinastia dos ReisSerpen­tes, que chegaram perto de assumir status imperial alguns séculos antes do colapso dessa civilizaçã­o.

Os dados podem ajudar a repensar pontos do próprio colapso maia, diz Estrada-Belli.

“Uma das hipóteses a respeito desse fenômeno é que os maias estavam desmatando maciçament­e a região, produzindo erosão e empobrecim­ento do solo, o que levou a sucessivas perdas de colheitas, fome e conflitos.”

“Mas o que estamos vendo é um grande investimen­to em terraços, canais, controle do fluxo de água e outras grandes obras para moderar os efeitos da erosão. Poderia ter sido uma civilizaçã­o muito mais sustentáve­l do que aquilo que imaginávam­os até agora.” NA TV Tesouros Perdidos dos Maias estreia hoje, às 21h, no canal National Geographic

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Pesquisado­res analisam dados coletados por meio de aparelhos instalados em aeronaves
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