Folha de S.Paulo

Tecnologia ajuda varejo a integrar loja real à virtual

Empresas estudam hábito de quem pesquisa na internet e compra na rua

- TATIANA VAZ

Companhias ajustam estoques de acordo com local de preferênci­a de retirada de produto e conseguem cortar custo

Não importa se o cliente compra pela internet ou se apenas faz pesquisas online antes de ir à loja física. As grandes varejistas brasileira­s estão usando o rastro de dados deixados pelos consumidor­es, tanto no mundo real quanto no virtual, para entender melhor quem são eles e o que querem.

O objetivo é unir o que os dois modelos têm de melhor: a comodidade e o preço competitiv­o do online com a experiênci­a e a pronta entrega do endereço físico.

A decisão das companhias decorre da mudança de hábito dos consumidor­es nos últimoscin­coanos.Cadavezmai­s exigentes, eles têm hoje ferramenta­sliteralme­nteàmãopar­a descobrir sozinhos de que produtos precisam e onde podem pagar menos pelos itens.

“O varejo vive uma revolução digital. Se antes a venda era definida no balcão das lojas, hoje é preciso estar e atender bem em todos os canais para não perder os clientes”, diz Reynaldo Saad, sócio da Deloitte no Brasil.

Apesar de consciente­s da urgência de mudança, são poucas as empresas que têm conseguido investir em inovação sem a garantia de retorno no curto prazo, de acordo com Saad. Saem na frente as que apostaram em tecnologia antes das demais, como é o caso do Magazine Luiza.

Desde 2016 os centros de distribuiç­ão e lojas da varejista são integrados para que entregas sejam feitas aos consumidor­es em até 48 horas sem cobrança de frete. A ideia agora é fazer isso em tempo recorde no Brasil.

Em dez lojas do país a rede vem testando há poucos meses como entregar em menos de três horas após a compra, poucos minutos a mais do que faz, desde 2014, a gigante Amazon nos EUA.

Outro modelo colocado à prova é o de entregar nas lojas físicas produtos de vendedores do marketplac­e online. Na loja da marginal Tietê, na capital paulista, por exemplo, é possível que alguém vá buscar a churrasque­ira comprada na loja virtual e receba ofertas de fraldas ou de cervejas artesanais pelo aplicativo da loja instalado no celular. A correlação feita pela inteligênc­iadedadosd­aempresa é simples: churrasco combina com cerveja, que combinam com pais de filhos pequenos,quesemprep­recisam comprar fraldas.

“Há cinco anos estudamos o que nossos clientes abandonam no carrinho, a maneira como eles preferem pagar as contas, entre outros detalhes, e com o tempo nos aperfeiçoa­mos para fazer recomendaç­ões de compras precisas para eles nas lojas online e físicas”, diz André Fatalla, diretor-executivo de tecnologia do Magazine Luiza. ENTREGA RÁPIDA por item comprado.

“Já temos uma loja em São Paulo com realidade virtual e usamos inteligênc­ia artificial para indicar smartphone­s aos clientes”, diz Flávio Dias, diretor de e-commerce da rede.

A mesma estratégia de mapear os caminhos físicos e digitais dos clientes dentro das lojas foi feita pela varejista de construção e decoração Leroy Merlin. Desde o ano passado os consumidor­es podem consultar o estoque dos produtos de cada loja no site, além de fazer a compra on-line e retirar na loja física.

Uma parceria do Google também foi feita para atrair mais clientes. Quando se digita “porcelanat­o” no buscador, por exemplo, os primeiros resultados são de lojas da rede que tenham em estoque o produto procurado e estejam próximas da localizaçã­o do cliente naquele momento.

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Karime Xavier/Folhapress Consumidor­a retira produto comprado em loja hospedada no site da Magazine Luiza na unidade da rede na marginal Tietê

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