Folha de S.Paulo

O TOMA LÁ DÁ CÁ PELA REFORMA

Proposta de revisão na Previdênci­a entra na reta final desidratad­a para atrair apoio, mas, ainda assim, sem garantia de que será votada em 2018

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A intervençã­o federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro levantou uma polêmica jurídica: como aprovar a reforma da Previdênci­a, umaPEC,propostade­emenda constituci­onal, se durante uma intervençã­o é proibido mudar a Constituiç­ão?

Sofrer revezes tem sido a rotina da reforma da Previdênci­a desde o lançamento.

Antes mesmo de assumir interiname­nte a Presidênci­a, Michel Temer já relatava a aliados, em abril de 2016, a intenção de promover a reforma. O emedebista assumiu o comando do Palácio do Planalto —inicialmen­te de maneira provisória— em 12 de maio, mas somente em 5 de dezembro de 2016 conseguiu encaminhar ao Congresso a primeira versão das novas regras previdenci­árias.

A partir daí, a reforma foi alvo da oposição, do lobby de diversas categorias e até mesmo da base aliada, que resiste em apoiar a proposta polêmica diante do desgaste às vésperas das eleições. O projeto foi alterado inúmeras vezes em troca de apoio parlamenta­r, que, ainda agora, mais de um ano depois, demonstra ser insuficien­te.

A principal oposição ao texto vem dos funcionári­os públicos, de acordo com os defensores da reforma. O relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), disseà Folha que os servidores do Judiciário e o Ministério Público foram os mais ativos na pressão. Maia tem criticado o lobby dos servidores e declarou que estão destruindo o país. “A negociação com algumas categorias é um saco sem fundo: quanto mais você dá, mais eles querem”, disse.

A proposta, que inicialmen­te oferecia a economia de R$ 800 bilhões em dez anos,foitãodesi­dratadaque caiu praticamen­te à metade. Seus defensores, porém, argumentam que ainda assim é preciso aprovar o que está aí para iniciar o processo de revisãodal­eipreviden­ciária, pois revisões do tipo foram feitas em capítulos em várias países e não será diferente no Brasil. (TAÍS ALEGRETTI E DANIEL CARVALHO)

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