Folha de S.Paulo

Um gesto, um olhar, e tudo muda

- TOSTÃO

TEMOS O hábito de procurar uma causa que explique os resultados e as atuações das equipes, como estratégia­s, escolhas e substituiç­ões feitas pelos treinadore­s, o desempenho de jogadores, árbitros e auxiliares ou mesmo o acaso, a sorte e os mistérios. Os motivos, como regra, são múltiplos.

Além do erro do técnico do PSG, Unai Emery, ao escalar, mais uma vez, o jovem e habilidoso meia Lo Celso de volante, do acerto de Zidane ao colocar, durante o jogo, dois meias rápidos pelos lados, saindo Casemiro, da tradição de vitórias do time espanhol e da eficiência de Cristiano Ronaldo, outros fatores imprevisto­s ocorreram na vitória do Real Madrid, por 3 a 1.

Por causa de detalhes, os dois últimos gols do Real poderiam ter sido do PSG, já que havia um equilíbrio técnico, com chances mais ou menos iguais para os dois lados. Se Daniel Alves tivesse tocado a bola, que passou a uns 30 centímetro­s diante dele, quase na o PSG poderia ter vencido, o técnico seria elogiado por colocar Daniel Alves mais à frente, a atuação de Neymar seria bastante valorizada e o Real seria criticado.

Neymar criou umas quatro chances de gol, deu dois ótimos e decisivos passes e também errou em alguns momentos ao tentar o drible quando deveria passar a bola.

Por ser ambicioso e autossufic­iente, caracterís­ticas muitas vezes positivas, Neymar, em algumas situações, exagera nos dribles e toma assim, é enorme o número de passes para gol dados por ele no Santos, no Barcelona, no PSG e na seleção. Neymar gosta do drible artístico, dos efeitos especiais, mas dizer que é um firuleiro e que só joga para ele é falta de bom senso. CARTESIANO Com Roger Machado, Miguel Borja tem sido aproveitad­o no que sabe fazer bem, partir em velocidade para receber a bola à frente. no adversário, para tentar recuperar a bola mais à frente. Isso é fundamenta­l. Não confundir com a marcação individual usada por Cuca, com um marcador atrás do adversário por todo o campo.

Roger deu uma boa entrevista no programa “Bola da Vez”, da ESPN Brasil. Ele une o conhecimen­to acadêmico, às vezes, com uma linguagem excessivam­ente operatória, com a prática, pois, quando jogador, era um observador que já pensava em ser treinador. Porém, não respondeu à pergunta sobre qual é a função de Zé Roberto, que foi seu contemporâ­neo como atleta e que passou a ser auxiliar, antes da chegada do técnico.

Aumentou muito nas comissões muitos deles são bem preparados, enquanto outros parecem ter sido indicados por proximidad­es afetivas e/ou como uma homenagem ou um gesto de amizade.

A troca de favores, a formação de patotas e o nepotismo são males que devastam o país. Pior, isso desestimul­a os profission­ais sérios a se prepararem bem, pois, com frequência, os escolhidos não são os que mais merecem.

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