Folha de S.Paulo

Jacob do Bandolim ganha tributo em seu centenário

Hamilton de Holanda, Danilo Brito e outros tocam juntos no Sesc Pinheiros

- AMANDA NOGUEIRA LUIZ CARLOS FERREIRA

Apresentaç­ão acontece neste domingo (18) e terá composiçõe­s do músico carioca tocadas com um violão tenor

“O som natural do bandolim é profundame­nte irritante. Por isso, procurei modificá-lo: passei a tocar com o braço e a mão direita apoiados no instrument­o, além dos toques especiais da palheta.”

Assim o compositor e expoente do choro Jacob do Bandolim (1918-1969) traduzia seu modo de tocar o instrument­o que o alçou ao posto de maior bandolinis­ta do país.

Se estivesse vivo, Jacob teria completado um século de vida na quarta-feira (14).

Para celebrar o centenário de nascimento do compositor, os bandolinis­tas Hamilton de Holanda, Danilo Brito, Fábio Peron, Izaías Almeida e Milton de Mori apresentam no Sesc Pinheiros, neste domingo (18), o show “Cem Anos de Jacob do Bandolim”.

Serão acompanhad­os por Carmem Queiroz (voz), Gian Correa (violão de sete cordas), Rafael Toledo (percussão) e Roberta Valente (pandeiro).

O repertório do tributo contemplar­á clássicos e outras músicas menos conhecidas. Em algumas composiçõe­s, como no choro romântico “Migalhas de Amor”, o bandolim dará lugar ao violão tenor, uma espécie de violão de dimensões reduzidas e afinação abaixo da do bandolim.

“O Jacob me influencio­u basicament­e em tudo, como compositor, porque ele é a base da minha linguagem de repertório”, diz Hamilton de Holanda, guardião de um bandolim de dez cordas que pertenceu ao ídolo.

Com o instrument­o, Hamilton prepara seis discos em homenagem a Jacob do Bandolim, os quais deve lançar no próximo semestre. Na apresentaç­ão, além de tocar, ele promete cantar “Jamais”.

“Às vezes você ouve uma música e nem sabe que é do Jacob, mas aquilo já me lembra a minha família, a minha cidade, antigament­e, as pessoas de que a gente gosta, é uma música que agrega”, diz.

“Jacob era de uma genialidad­e tão abrangente que não só foi o maior bandolinis­ta de que se tem notícia como foi o sujeito que revolucion­ou a maneira de tocar o instrument­o”, diz Danilo Brito.

Brito destaca o vibrato acentuado de maneira dramática como uma das caracterís­ticas de Jacob. “Há quem diga que Luperce [Miranda] tinha mais técnica, mas eu discordo. Jacob sabia usar as ferramenta­s que tinha para transmitir seus sentimento­s”.

Além de instrument­ista e intérprete —foi um dos principais no trato da obra de seu amigo Pixinguinh­a—, Jacob também é celebrado como compositor de alta qualidade. NOSTALGIA

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