Custaria 4,6% do PIB.
FINANCIAMENTO Se for superada essa barreira mais filosófica sobre a renda básica universal, o debate seguinte se dará em relação a seu financiamento.
Na Europa, fala-se de uma mudança total do sistema de impostos, incluindo a taxação sobre transações monetárias, ganhos financeiros e dividendos. Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia, defende essa tese, para evitar reação de quem ainda paga imposto sobre salário. Também se discute a tributação de robôs — empresas com alto grau de automação pagariam uma taxa a ser revertida em renda para aqueles que os robôs desempregam.
O crescimento do capital é, hoje, uma produção social. É nossa atividade na rede que gera valor para empresas como Amazon, Google ou Facebook. Ora, se a sociedade valoriza o capital, ele deve ser taxado para que os ganhos retornem à sociedade.
Para além desse fator, assistimos a uma concentração de renda inaudita nas mãos dos muito ricos, um grupo que corresponde a 1% da população mundial. Parece razoável, portanto, que o dinheiro necessário para financiar um novo modelo de justiça social seja obtido pela diminuição dessa concentração.
Apostar nesse novo mundo, inventando medidas concretas para torná-lo mais solidário, pode reduzir a insegurança e a fragmentação social que têm levado à ascensão mundial do conservadorismo, do ódio e da violência.
A força mais dinâmica do mundo atual é abundante —a informação—, e estamos deixando para trás uma economia que funcionava a partir da escassez. Reduzir o poder de agentes concentradores é um caminho necessário para experimentar a revolução tecnológica como vetor de autonomia e liberdade, em vez de vivê-la apenas como fonte de precarização e de miséria.
A renda universal pode ser o ponto de partida de um novo pacto a recompor forças políticas em torno da prioridade absoluta de reduzir as desigualdades, inventar novos modelos produtivos e fundar um projeto de sociedade à altura do nosso tempo.