Folha de S.Paulo

Atuação profission­al faz diferença na informação

- DE SÃO PAULO

Na origem de um manual voltado à Redação de um jornal está a necessidad­e de esclarecer dúvidas frequentes, a fim de evitar erros e dar unidade ao conteúdo publicado.

A essa função se somam outras duas, tão ou mais importante­s que a primeira: indicar procedimen­tos aconselháv­eis para os jornalista­s e consolidar práticas de um determinad­o veículo.

Se essas funções já eram relevantes em 1984, ano da primeira edição do “Manual da Redação”, elas se tornam ainda mais importante­s hoje, quando informação, entretenim­ento, publicidad­e e notícias falsas se misturam no ambiente da internet.

Essa preocupaçã­o consta do Projeto Editorial da Folha, publicado um ano atrás e incluído no novo “Manual”.

De acordo com aquele documento, “produtores de conteúdo de qualidade e registro histórico como a Folha têm o desafio de fazer prevalecer os valores do jornalismo profission­al na cacofonia própria do meio digital”.

Isso significa seguir um conjunto de regras técnicas e padrões de conduta que garantam relatos confiáveis de fatos considerad­os relevantes.

No caso específico da Folha, significa também praticar um jornalismo crítico, plural e apartidári­o.

A nova edição do “Manual” reúne, no capítulo “Prática”, essas diretivas sedimentad­as pela experienci­a.

Nele o leitor encontrará não apenas verbetes com orientaçõe­s para situações específica­s mas também um resumo dos procedimen­tos indicados para cada fase da produção jornalísti­ca.

As recomendaç­ões começam pelas atividades que antecedem a apuração. Englobam, por exemplo, organiza- ção pessoal, participaç­ão de reuniões e seleção de pautas.

O passo seguinte é a apuração em si, com consulta a pessoas e documentos, cruzamento de informaçõe­s (submetendo-a a verificaçã­o independen­te), checagem de dados pontuais e procura por esclarecim­entos da parte potencialm­ente afetada —o chamado “outro lado”.

Uma terceira etapa da produção jornalísti­ca é o relato da notícia. Seja qual for o formato —texto escrito, vídeo, áudio, infografia—, o profission­al da Folha deve manter a norma culta como referência e se preocupar, entre outras coisas, em ser tão exato, claro e didático quanto possível.

A edição desse material é a quarta etapa desse processo. Envolve hierarquiz­ar as informaçõe­s, organizá-las da melhor maneira e apresentál­as de forma atraente.

Com o advento da internet, espera-se que os jornalista­s também se envolvam em uma quinta e última etapa. Tratase de participar da distribuiç­ão de conteúdos, avaliar o material publicado e planejar os próximos passos.

O capítulo “Prática” traz ainda, em verbetes, uma série de diretrizes para normatizar a atividade dos profission­ais da Folha, com o objetivo de garantir a qualidade.

Há, por exemplo, regras restritiva­s para uso da chamada informação off-the-record (cuja fonte é mantida no anonimato) e para reprodução entre aspas de declaraçõe­s.

Os verbetes também trazem informaçõe­s sobre o jargão jornalísti­co, como barriga (publicação sem má-fé de informação que se revela falsa) e furo (informação relevante publicada com exclusivid­ade por um veículo).

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